
O Doutor Finanças divulgou os resultados do 1º Barómetro Hábitos Financeiros dos Portugueses, desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa.
Este barómetro pretende avaliar o grau de literacia e os comportamentos financeiros da população em Portugal, com o objetivo de monitorizar tendências e apoiar estratégias de educação financeira.
Os dados revelam que quase metade dos inquiridos (45%) não poupa de forma regular. E entre os que poupam, perto de metade poupa entre 5 e 20%. Só 32% afirmam reservar parte do rendimento logo no início do mês. Já 21% admitem não ter qualquer hábito de poupança, sendo esta falta de regularidade mais comum entre as faixas etárias mais velhas.
A forma como as famílias abordam o dinheiro também esteve em foco neste estudo, que conclui que mais de um terço (35%) fala muito esporadicamente ou nunca sobre dinheiro em família — sendo esta realidade mais comum nos agregados familiares com idade mais avançada.
A segurança lidera critérios de investimento em detrimento da rentabilidade na hora de aplicar o dinheiro.
No que diz respeito à poupança e ao investimento, o estudo mostra que os depósitos a prazo continuam a ser a principal forma de aplicar dinheiro (29%), seguida pelos Certificados de Aforro (15%). Apenas 4% recorre a ativos digitais como forma de investimento. A banca tradicional continua a dominar: 58% dos investidores utilizam-na, 48% de forma exclusiva. As mulheres tendem a optar mais por este canal do que os homens. A segurança é o critério mais valorizado na escolha de um produto financeiro (42%), seguida pela rentabilidade esperada (22%).
Literacia financeira dos filhos é pouco incentivada
A literacia e autonomia financeira dos filhos também foi alvo de análise. A maioria dos pais afirma dar dinheiro aos filhos quando estes precisam, mas poucos envolvem os menores na gestão do seu próprio dinheiro: entre os maiores de 10 anos, cerca de 60% limitam-se a dar dinheiro apenas quando solicitado, apenas 30 a 40% dos jovens a partir dos 10 anos recebe semanada ou mesada. A principal forma de os mais novos guardarem ou gerirem o dinheiro é o tradicional “mealheiro” (51%), seguido das contas de depósito a prazo (39%). Apenas 3% recorrem a produtos financeiros mais estruturados.
“A ausência de hábitos de poupança e a falta de planeamento continuam a comprometer o bem-estar financeiro das famílias.”, diz Sérgio Cardoso.
“Os resultados deste Barómetro mostram que os desafios financeiros que os portugueses enfrentam são estruturais e não meramente conjunturais. A ausência de hábitos de poupança e a falta de planeamento continuam a comprometer o bem-estar financeiro das famílias. Este estudo permite-nos compreender onde estão os bloqueios e onde devemos atuar”, afirma Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças.