Já estava previsto que os Estado português comprasse mais aeronaves à empresa brasileira Embraer, para juntar às cinco que já tem. Foi aprovado em Conselho de Ministros, na passada quinta-feira, uma resolução “que irá resultar num investimento de cerca de 200 milhões de euros para a aquisição de doze aeronaves A-29N Super Tucano. Serão também adquiridos "simuladores de voo e bens e serviços de sustentação logística" assim como "a concretização do programa de aquisição e sustentação das aeronaves”.

Esta decisão surge na sequência de “discussões técnicas e negociais” autorizadas pelo Governo em julho, numa anterior resolução de Conselho de Ministros. Este projeto vai envolver “uma forte participação da indústria portuguesa em áreas altamente tecnológicas, tendo em vista a reconfiguração das aeronaves para os padrões e especificações NATO”.

Este procedimento será semelhante ao investimento feito nas aeronaves KC-390, também produzidas pela brasileira Embraer e nas quais foram introduzidas modificações para as adequar aos requisitos estabelecidos pelas alianças das quais Portugal faz parte, nomeadamente a NATO, Nações Unidas e União Europeia.

Em 2019, Portugal acordou adquirir à brasileira Embraer cinco aeronaves KC-390 e um simulador, tendo já sido entregues duas, com o objetivo de substituir os Hercules C-130, por um valor de 850 milhões de euros.

Retorno financeiro é de 75 milhões para a indústria portuguesa

O ministro da Defesa Nacional destacou na assinatura do contrato nas OGMA que o retorno financeiro que o governo português espera ter com a compra de doze aeronaves A-29N Super Tucano à brasileira Embraer ao nível da indústria nacional e na formação de pilotos em Portugal.

“Este contrato significará um esforço financeiro e um investimento de cerca de 200 milhões de euros. Todavia, deste valor perto de 75 milhões serão aplicados na indústria nacional, através de um conjunto de empresas que farão o ‘upgrade’ das aeronaves, reconfigurando-as para as exigências e os padrões técnicos e operacionais da NATO”, disse Nuno Melo.

Nuno Melo falava nas instalações da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, na cerimónia de assinatura do contrato entre o Estado português e a brasileira Embraer, que contou com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, para a aquisição de doze aeronaves A-29N Super Tucano, que chegarão a Portugal até 2026.

Em causa está um procedimento semelhante ao investimento feito nas aeronaves KC-390, também produzidas pela brasileira Embraer e nas quais foram introduzidas modificações para as adequar aos requisitos estabelecidos pelas alianças das quais Portugal faz parte, nomeadamente a NATO, Nações Unidas e União Europeia.

Estas modificações, certificadas pela Autoridade Aeronáutica Nacional, fazem com que as aeronaves possam ser adquiridas por outros países membros da NATO ou União Europeia, com lucro para o Estado português.

O ministro defendeu que está em causa um “modelo virtuoso” no qual se modernizam as Forças Armadas e são investidos recursos do Estado “também a crédito das empresas e da tecnologia portuguesas”, salientando que atualmente as indústrias de Defesa englobam cerca de “300 empresas, 30 mil pessoas e 2,5% das exportações”.

Com uma aeronave Super Tucano atrás de si, e na qual se sentou no ‘cockpit’, acompanhado pelo chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Cartaxo Alves, Nuno Melo fez questão ainda de sinalizar o retorno financeiro que este investimento terá no âmbito da formação de pilotos em Portugal.

“A partir do momento em que esta aeronave é adquirida, também com os simuladores que lhe respeitam, essa formação de pilotos, desde logo dos pilotos estrangeiros, dos países que comprarão estas aeronaves no futuro, essa formação acontecerá em Portugal. E Portugal nisso também terá receita, ou seja, tem o equipamento, desenvolve a indústria portuguesa, fixa em Portugal grande parte do investimento e na formação no futuro dos pilotos serão os estrangeiros a pagar a Portugal por esta nova tecnologia”, detalhou.

Nuno Melo elogiou ainda a parceria com a Embraer e realçou que a empresa brasileira escolheu Lisboa para abrir o seu primeiro escritório na Europa, e que será inaugurado na terça-feira.

“São muito mais do que escritórios, estamos a falar de uma capacidade da Embraer que incorpora engenharia, incorpora a vertente comercial, incorpora muito mais, e que através de Lisboa garantirá a comercialização daquilo que é a Embraer na área da Defesa, para a Europa desde logo. E isso é muito importante para Portugal”, sublinhou.

O chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Cartaxo Alves, destacou que “uma das grandes mais-valias deste projeto é que, como também está a ser utilizada a engenharia nacional neste desenvolvimento, a OGMA no futuro vai-se constituir como o centro de manutenção desta nova versão do Super Tucano para a Europa, para a Ásia e para a África”.

Já o presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, Bosco da Costa Junior, agradeceu ao Governo e à Força Aérea pela confiança.

“O A29N trará novo impulso à revolução iniciada pelo KC390, que alçou a indústria aeronáutica portuguesa a um novo patamar de padrão mundial. O A29N passa agora a ser uma plataforma para a valorização da economia de defesa, alavancando exportações e oportunidades de negócio em cooperação com outros países na Europa e na NATO”, afirmou.