O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou na segunda-feira a atitude das autoridades provisórias na Síria e "o seu compromisso em proteger os civis, incluindo os trabalhadores humanitários".
O diplomata português enviou o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários e Coordenador de Emergências, Tom Fletcher, que reuniu com o primeiro-ministro interino, Mohammad al-Bashir e com o líder da nova administração síria, Ahmed al Sharaa.
Tanto Al Sharaa como Al Bashir prometeram a Fletcher o acesso humanitário em todas as passagens fronteiriças, algo muito restrito no passado, e que forneceriam autorizações e vistos rápidos aos trabalhadores humanitários, detalhou o gabinete de Guterres, em comunicado.
Da mesma forma, garantiram ao enviado de Guterres a continuidade dos serviços públicos essenciais, incluindo a saúde e a educação, e que irão realizar "um diálogo genuíno e prático" com a comunidade humanitária.
Para Guterres, este é um momento que se apresenta ao povo sírio "para construir um futuro melhor, e a comunidade internacional deve apoiá-lo".
Tom Fletcher, líder do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) também alertou na segunda-feira que a Síria precisa de "um fluxo de ajuda massivo" após a queda do presidente Bashar al-Assad e mais de uma década de guerra civil.
"As coisas estão a progredir muito, muito rapidamente", sublinhou, acrescentando que "o importante é que o povo sírio tenha agora o seu destino nas suas mãos".
A tomada de Damasco, em 8 de dezembro, por uma coligação de grupos rebeldes liderada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS, em árabe), derrubou Bashar al-Assad.
O responsável da ONU sublinhou que "sete em cada dez sírios precisam de ajuda agora" e que a ONU quer "fazer coisas grandes" para fornecer "alimentos, medicamentos, abrigo, mas também fundos para desenvolver uma Síria na qual a população possa voltar a acreditar".
De acordo com Tom Fletcher, OCHA tem "planos ambiciosos" para a Síria.
O HTS, antigo braço sírio da Al-Qaeda, afirma ter rompido com o 'jihadismo', mas continua classificado como "terrorista" por várias capitais ocidentais.
Questionado se iria encorajar o levantamento das sanções, Fletcher disse que "ainda é muito cedo".
"É um momento de grande mudança. As coisas estão a mudar e temos de ser flexíveis", acrescentou.
Com LUSA