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Francisca Braga César, engenheira, project manager na Critical Software, fundadora de uma produtora musical, atleta de basquetebol durante mais de uma década e voz ativa em projetos como o Technovation Girls Portugal é o exemplo de uma mulher com uma carreira exemplar na área das ciências.
Mais do que colocar uma engenheira a debater o lugar das mulheres na ciência, temos uma mulher a falar de ciência e do seu percurso nesta área, demonstrando de forma prática que esse lugar já está a ser (muito bem) ocupado.
Francisca considera a sua profissão "um desafio constante" onde tem a oportunidade de se superar e de poder contribuir para algo com impacto "nas nossas vidas". Para as mulheres que querem seguir uma carreira no mundo das ciências, a engenheira deixa um conselho: se é algo que gostam, se é algo que procuram seguir, então façam-no".
"A matemática foi algo que me inspirou desde criança"
Como foi o seu percurso na ciência até aos dias de hoje?
Posso começar pelos meus tempos de infância. A matemática foi algo que me inspirou desde cedo. Algo que sempre me desafiou a muitos níveis. Desde a tabuada até aos números imaginários. Adorava aprender nas aulas e ainda participar nos desafios extracurriculares relacionados com lógica. Aliado a isso, aos 11 anos comecei a jogar basquetebol no Académico Futebol Clube, onde jogo atualmente. Se formos a pensar, o basquetebol não é muito diferente: tem estratégia, tem lógica e obriga-nos constantemente a calcular o passo seguinte. Entretanto, fui para a faculdade. Foram anos de muita aprendizagem, nos quais a ciência era a base. Cinco anos depois tornava-me Mestre de Engenharia e Gestão Industrial. Abracei o desafio como engenheira na Critical Software, onde tive o privilégio de experienciar várias áreas e, hoje, sou gestora de projetos.
Como engenheira do setor tech, tive a oportunidade de participar como júri no Technovation Girls Portugal 2024 e de poder, de alguma forma, ajudar jovens mulheres no processo de aprendizagem nesta área. Não gostando de estar parada e sendo eu fã de desafios, em 2020 fundei um grupo musical com um amigo, os Purple Jukebox, espaço este onde partilhamos a nossa paixão pela música e criatividade.
Gosta daquilo que faz atualmente a nível profissional?
O facto de todos os dias poder ter a oportunidade de me superar e de poder contribuir para algo com impacto nas nossas vidas faz da minha profissão um desafio constante. E é isso que me move.
Existe algum momento marcante que tenha definido a sua carreira?
Um dos momentos mais marcantes da minha carreira, até ao momento, foi sem dúvida quando fui promovida a gestora de projetos e atingi um dos meus objetivos – tornar-me gestora na área da engenharia.
"Há muitas mais mulheres, na História, que se impuseram pela sua sabedoria e resiliência"
Acha que as mulheres têm poucas oportunidades no mundo da ciência?
Marie Curie é o primeiro nome que me vem à cabeça. Mas há muitas mais mulheres na História que se impuseram pela sua sabedoria e resiliência. As oportunidades existem. É preciso agarrá-las e fazer delas a melhor versão de nós. Sejam estas na área da física, biologia, engenharia, medicina...
Na sua opinião, qual é o maior desafio para as mulheres na ciência hoje?
Diria que o maior desafio para as mulheres é afirmarem-se na sua dimensão profissional, intelectual e científica, principalmente nas sociedades mais hostis, que dificultam à mulher qualquer oportunidade de sucesso.
"Se é algo de que gostam, se é algo que procuram seguir, então façam-no! E não tenham medo de arriscar"
Que conselho daria a mulheres/raparigas que querem seguir uma carreira na ciência?
Essencialmente, se é algo de que gostam, se é algo que procuram seguir, então façam-no! E não tenham medo de arriscar. É como tudo na vida. Não interessa se cais. Interessa a forma como te levantas! E todos os dias devem ser vistos como uma nova oportunidade. Aproveitem cada dia para aprenderem algo novo e, mais importante que tudo, desfrutem do caminho.
Se pudesse fazer outra coisa, a nível profissional, o que seria?
Seria uma profissão que juntasse engenharia e gestão com um dos meus hobbies, desporto ou música.
O que espera ver no futuro da ciência e tecnologia?
Sinceramente, espero que a evolução da ciência e tecnologia seja aplicada no sentido positivo a bem da humanidade, seja na área da saúde, na da educação, na da segurança... onde for.