O novo modelo de funcionamento das urgências de Ginecologia e Obstetrícia, que está a ser testado em 14 hospitais, obriga a que as grávidas liguem para a linha SNS 24 antes de se deslocarem às urgências.
Os partidos falam num plano “desastroso” e vão chamar a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, ao Parlamento para explicações. Questionado pelos jornalistas sobre as dificuldades que as grávidas têm sentido, Luís Montenegro preferiu ficar em silêncio.
O que dizem os partidos?
“As pessoas chegam às urgências e têm que ir falar a uma cabine telefónica para compreender onde é que podem ser atendidas para depois se deslocarem, às suas próprias custas, para um hospital ou centro de saúde que as possa atender. Não é, certamente, a solução”, lamenta Mariana Mortágua.
O Bloco de Esquerda diz que vai chamar a ministra ao Parlamento para explicar o “modelo desastroso”, e também quer ouvir o autor do plano de emergência, Eurico Castro Alves.
Livre e PCP sublinham que o novo plano não resolve os verdadeiros problemas nas urgências de Obstetrícia. Consideram que a solução passa pela valorização dos profissionais de saúde e dos salários.
“O que devia ser feito o Governo recusa fazer. Um dos problemas é a falta de profissionais e isso só se resolve com uma política de valorização de carreiras e salários”, afirma Paula Santos, do PCP.
O Livre considera ainda que este plano não traz tranquilidade às grávidas.
“O caminho tem de ser o reforço do SNS para garantir equipas de Obstetrícia em todos os hospitais, garantir que a mulher grávida pode escolher onde vai ter o seu filho e não viver na incerteza”, diz Isabel Mendes Lopes.
À Direita, André Ventura acusa o Governo de iludir os portugueses com resultados falsos na área da Saúde. Diz ainda que vai chamar a ministra Ana Paula Martins ao Parlamento para explicar o plano de inverno em detalhe.
“O objetivo é, a todo o custo e sem qualquer critério ou limite ético, apresentar à população um nível de trabalho e eficácia médica que não existe. O objetivo é mostrar números irrealistas e falsos. Chamaremos de urgência a senhora ministra para dar resposta e questionar o Governo sobre atos médicos a ser marcados sem critério clínico ou médico com objetivos meramente políticos.”
Rui Rocha duvida que este sistema de pré-triagem resolva o problema de acesso das grávidas aos cuidados de saúde. O presidente da Iniciativa Liberal considera arriscado avançar com esta medida nesta altura do ano.
“Parece-me arriscado tomar esta decisão nas proximidades das festas e em que a pressão sobre o sistema é maior. Insistir num sistema de saúde esgotado não vai correr bem. Não é pôr um telefone à porta que vai melhorar o acesso”, critica.
O que muda?
As grávidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, incluindo o Hospital Distrital de Leiria, terão de ligar a partir desta segunda-feira para a Linha SNS Grávida (808 24 24 24) antes de recorrerem à urgência hospitalar de Obstetrícia e Ginecologia.
Há exceções para situações com forte suspeita de poderem representar risco iminente de vida, designadamente a perda de consciência, convulsões, dificuldade respiratória, hemorragia abundante, traumatismo grave ou dores muito intensas.