"A recusa dos Estados Unidos em pagar as suas contribuições para 2024 e 2025, combinada com os cortes na ajuda pública ao desenvolvimento de alguns outros países, significa que enfrentamos um défice na folha de pagamentos para o biénio 2026-2027 entre 560 e 650 milhões de dólares", disse Tedros Ghebreyesus aos Estados membros, de acordo com uma transcrição do seu discurso.

A agência de saúde das Nações Unidas prepara-se há já algum tempo para a retirada total dos Estados Unidos, historicamente de longe o seu maior doador, em janeiro próximo.

Entretanto, a administração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se recusou a pagar as quotas acordadas para 2024 e 2025, congelando praticamente toda a ajuda externa dos EUA, incluindo um apoio considerável a projetos de saúde em todo o mundo.

Vários outros países reduziram igualmente as suas despesas de ajuda ao desenvolvimento.

Perante esta situação, a OMS começou a refletir sobre a sua nova organização, que o seu Diretor-Geral apresentou hoje ao pessoal e aos Estados-Membros.

O défice da massa salarial "representa atualmente cerca de 25% dos custos com o pessoal", afirmou, sublinhando, no entanto, que "isto não significa necessariamente uma redução de 25% do número de postos de trabalho".

Não disse quantos postos de trabalho seriam cortados, mas afirmou que o maior impacto seria esperado na sede da Organização em Genebra.

"Estamos a começar com cortes na gestão, embora estas sejam decisões muito dolorosas para nós", acrescentou.

"Estamos a reduzir a equipa de gestão da sede de 12 para 7 membros e o número de departamentos passará de 76 para 34, uma redução de mais de metade", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Os Estados Unidos cortaram 83% dos programas da agência de desenvolvimento norte-americana, a USAID, que era responsável por 42% da ajuda humanitária desembolsada em todo o mundo.

Em 10 de abril a OMS alertou para perturbações nos serviços de saúde em 70% das delegações nacionais inquiridas, "resultado das suspensões e reduções súbitas da ajuda pública ao desenvolvimento para a saúde".

A OMS fez saber nessa comunicação no início do mês que as avaliações feitas "suscitam a preocupação de efeitos potencialmente mais profundos e prolongados nos sistemas e serviços de saúde em todo o mundo, especialmente em contextos vulneráveis e frágeis" e apelam a uma "ação urgente", bem como uma "resposta internacional".

Nesse balanço realizado entre março e abril deste ano que envolveu 108 representações da OMS em vários países, sobretudo em países de rendimento baixo e médio-baixo, demonstra que os países estão a realocar financiamento proveniente de fontes internas e externas.

 

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