A Ucrânia expulsou dois diplomatas húngaros, em resposta a uma medida semelhante declarada por Budapeste, anunciou hoje o chefe da diplomacia de Kiev, entre acusações mútuas de espionagem e difamação.

"Dois diplomatas húngaros deverão abandonar o nosso país dentro de 48 horas", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andriy Sybiga, na rede Telegram, justificando que Kiev estava a agir de acordo com o "princípio da reciprocidade".

A Hungria tinha anunciado hoje a expulsão de dois diplomatas ucranianos que descreveu como espiões, em resposta a "campanhas de difamação" de Kiev, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Péter Szijjártó.

"Está a desenvolver-se uma propaganda anti-húngara cada vez mais forte na Ucrânia", criticou Szijjártó num vídeo publicado nas redes sociais.

O ministro disse que a Hungria não vai tolerar campanhas de difamação contra o país e contra o povo húngaro.

"É por isso que hoje expulsámos dois espiões que trabalhavam sob disfarce diplomático na embaixada ucraniana em Budapeste", acrescentou.

O anúncio destas expulsões ocorreu pouco depois de o Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) ter informado a detenção de dois alegados membros de uma rede de espionagem coordenada pelos serviços secretos militares húngaros.

As detenções ocorreram na região da Transcarpátia, na fronteira com a Hungria.

O SBU disse que os dois detidos forneceram informações sobre possíveis reações do Exército e da população local a um eventual destacamento de tropas magiares para a região.

"A célula recolheu informações sobre a segurança militar na região da Transcarpátia, procurou vulnerabilidades nas defesas terrestres e aéreas da região e estudou opiniões sociopolíticas", acrescentou o SBU.

Após o anúncio, Szijjártó afirmou que se trata de propaganda anti-húngara por parte de Kiev.

O Governo do ultranacionalista Viktor Orbán é um dos executivos da União Europeia (UE) mais próximos de Moscovo.

Desde que a Rússia atacou a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Hungria tem-se recusado a enviar armas e ajuda militar para o país vizinho.

As relações entre a Hungria e a Ucrânia são tensas, uma vez que Kiev acusa Budapeste de apoiar Moscovo.

A Hungria acusa por sua vez a Ucrânia de não respeitar os direitos das minorias do país, incluindo cerca de 150 mil magiares.