As forças de segurança indianas acusaram hoje o Paquistão de prosseguir com ataques de 'drones' ao longo da fronteira comum, sobretudo em cidades na região de Caxemira, disputada entre as duas potências nucleares asiáticas.

Um oficial da Defesa indiana disse à EFE que novos ataques na região de Caxemira foram registados nas áreas de Samba e Pathankot, na divisão de Jammu, sem adiantar se houve danos ou vítimas, ou se foram intercetados.

O Paquistão não confirmou nem desmentiu os ataques.

Dezenas de explosões foram ainda ouvidas em Srinagar, a principal cidade da região, de acordo com a EFE.

Também na província indiana de Punjab, a sul de Caxemira e também com fronteira com o Paquistão, houve registo de um ataque de um 'drone', atribuído pelas autoridades às forças paquistanesas, com registo de três feridos numa área residencial.

"Recebemos informações sobre três pessoas feridas. Têm queimaduras. Os médicos vão tratá-las. Os 'drones' foram na maioria neutralizada pelo exército", disse à imprensa Bhupinder Sidhu, superintendente da polícia da cidade de Ferozepur, perto da fronteira com o Paquistão.

Um médico do hospital para onde os feridos foram levados disse à imprensa que o estado de uma das mulheres feridas é crítico, com "queimaduras graves", enquanto as outras duas têm queimaduras ligeiras.

Ferozepur é a sede de um acantonamento do exército indiano e fica apenas a cerca de dez quilómetros da fronteira.

A Índia afirmou na quinta-feira que Jammu e outras partes da Caxemira indiana foram vítimas de ataques de 'drones' paquistaneses, enquanto Islamabad negou hoje a existência de tais ataques.

Mas o exército paquistanês admitiu hoje que está em "estado de guerra" e garantiu que não vai diminuir a tensão com a Índia enquanto sentir a sua soberania e população ameaçados.

"Não iremos diminuir a escalada" do conflito com Nova Deli, afirmou o porta-voz do exército paquistanês, Ahmed Chaudhry, explicando que o país e a população paquistaneses estão em risco.

Também hoje, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Islamabad tinha acusado a Índia de ter "um comportamento irresponsável" e de "empurrar dois Estados com armas nucleares" para "um conflito de grandes proporções".

"A histeria de guerra da Índia devia ser uma fonte de grande preocupação para o mundo. O comportamento irresponsável da Índia aproximou dois Estados com armas nucleares de um conflito de grandes proporções", alertou Shafqat Ali Khan.

Um funcionário administrativo indiano disse à EFE que as forças paquistanesas estão a violar o acordo de cessar-fogo ao longo da Linha de Controlo (LoC), inicialmente no sector de Poonch e depois estendendo-se até Rajouri.

"O exército indiano está a retaliar eficazmente", acrescentou o funcionário.

Até à data, as autoridades indianas não confirmaram a existência de vítimas ou danos.

Desde o início das hostilidades entre os dois países, na terça-feira, pelo menos 80 pessoas morreram nos dois países, de acordo com a EFE.

A Linha de Controlo, que divide a disputada região da Caxemira entre Índia e Paquistão, foi palco de mais uma noite de troca de tiros, de acordo com declarações divulgadas hoje pelas autoridades indianas.

As tensões bilaterais aumentaram na sequência dos ataques aéreos indianos de 07 de maio contra alvos em território paquistanês, que Islamabad afirma terem matado 31 civis e ferido outros 57.

Nova Deli diz que os bombardeamentos visaram infraestruturas terroristas em retaliação pelo ataque de 22 de abril na Caxemira indiana, que matou 26 pessoas, na maioria turistas indianos.

Os dois países, que reivindicam a totalidade da região de Caxemira, têm estado em conflito desde a independência, em 1947.

A região foi dividida entre a Índia e o Paquistão quando estes se tornaram Estados independentes, em 1947, mas ambos os países continuam desde então a reivindicar total soberania sobre a região.

Os dois adversários partilham mais de 2.900 quilómetros de fronteira terrestre.

A parte indiana de Caxemira é palco de uma rebelião separatista iniciada em 1989 que já fez dezenas de milhares de mortos entre rebeldes, soldados indianos e civis.