
"Este símbolo será visto por todo o mundo, que verá que a Ucrânia não está sozinha na sua luta", disse o embaixador da Ucrânia em França, Omelchenko Vadym Volodymyrovych, na Praça dos Direitos Humanos, no Trocadéro, pelas 19:00 horas locais, enquanto o símbolo parisiense era iluminado a partir do topo até meio com um tom azul, fazendo uma alusão às cores ucranianas.
Num "dia triste para todos", em que "a Rússia continua a matar", o embaixador pediu um minuto de silêncio para "honrar a memória dos heróis e vítimas inocentes da guerra", que começou em 24 de fevereiro de 2022.
A iniciativa da câmara de Paris juntou na praça mais mulheres e crianças do que homens, que se recusaram a ser entrevistados pela Lusa, mas cujas vozes se destacaram ao gritar "glória à Ucrânia" e cantar após os discursos.
"Em nome da presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, afirmo com força e determinação: não aceitaremos uma paz imposta, não aceitaremos negociações sem a Ucrânia e não aceitaremos que o futuro da segurança europeia seja decidido sem os europeus", afirmou um representante.
"A Rússia não irá parar com a Ucrânia e irão mais longe para a Europa" se a guerra não terminar, disse à Lusa Marta Khomiak, de 15 anos, com a bandeira ucraniana nas costas, defendendo que "nunca se deve apoiar o agressor", criticando a posição dos Estados Unidos que tentam negociar com a Rússia.
Para a ucraniana, cujo pai, de 57 anos, está desaparecido em combate desde abril, na cidade ucraniana de Bakhmut, sem saber se é prisioneiro das tropas russas ou se terá perdido a vida, "é importante lembrar que há uma guerra a acontecer e é importante lembrar que as pessoas estão a morrer e sofrer por causa da guerra".
Em Paris por apenas 10 dias, a jovem irá em breve voltar para a sua casa, onde "os alertas de ar e as notícias já não são tão assustadoras" como antes, porque se habitou e em que continua a ir à escola e a ter vida social enquanto o exército ucraniano tenta combater a invasão russa.
"Não podemos ficar em casa e chorar o tempo todo porque a guerra continua a acontecer, temos de continuar a viver, doar para o exército, ajudar as pessoas que estão em perigo e acreditar em nós próprios, na nossa nação, no exército e no mundo que nos apoia", acrescentou.
Com uma bandeira da Ucrânia, uma bandeirola da União Europeia na mão e um cartaz a dizer "trazer de volta os nossos entes queridos", Victoria Hrynchyshyn, de 50 anos, que vive em Paris há 30 anos, deslocou-se à praça com familiares num "momento simbólico" para encorajar os soldados que lutam pela Ucrânia.
"É importante que os ucranianos e o mundo inteiro apoiem a Ucrânia nesta luta que dura mais de três anos", afirmou, acrescentando que é essencial que "a Ucrânia faça parte das negociações" de paz e também a União Europeia já que "a guerra acontece no continente europeu".
Relativamente ao posicionamento do Presidente norte-americano, Donald Trump, Victoria Hrynchyshyn considera que é "um pouco ambíguo, com declarações que mudam de um dia para o outro", referindo que a Ucrânia tem "um verdadeiro Governo", com o Presidente Volodymyr Zelensky a ter sido eleito democraticamente através de eleições.
"Devemos falar sobre as armas, sobre a guerra na Ucrânia. Devemos ajudar a terminar essa guerra", defendeu também Demchuk Maria-Svitozara, de 16 anos, que veio viver para Paris no início da invasão em 2022, mas que antes vivia no noroeste da Ucrânia, onde na altura começou a faltar comida e ajuda humanitária.
"Eu sei que a França já fez muito para a Ucrânia e eu estou muito feliz por isso, assim como todos os ucranianos que moram na França, e mesmo nos outros países europeus", referiu Demchuk Maria.
Ao mesmo tempo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, reunia-se com o homólogo norte-americano em Washington, para negociar a resolução da guerra na Ucrânia, após uma semana de reuniões com líderes europeus e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
No domingo, assim como noutras cidades europeias, milhares de pessoas marcharam pela capital francesa em solidariedade com a Ucrânia, exigindo que o país não fique à margem das negociações de paz, numa altura em que Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, têm um diálogo bilateral.
MYCO (CCM/ANP) // RBF
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