"O que a direita quer é criar um pânico moral, um pânico social, dizendo que a Segurança Social não é sustentável para criar um negócio à volta das nossas pensões", acusou Fabian Figueiredo, no encerramento das jornadas parlamentares do partido, que decorreram no distrito de Coimbra.
O deputado bloquista alegou que a direita "tenta fazer as pazes com os pensionistas, mas à mínima oportunidade o seu programa ideológico revela-se", considerando que o grupo de trabalho anunciado na segunda-feira pelo Governo, que visa estudar a sustentabilidade da Segurança Social, representa "o regresso à velha vontade de privatizar" esta instituição.
"O PSD quer desviar recursos públicos da Segurança Social para estimular o negócio dos fundos de pensão privados e para isso nomeia um conjunto de personalidades, várias delas, pode-se mesmo dizer, são raposas colocadas no galinheiro", acusou.
Fabian Figueiredo defendeu que o sistema de Segurança Social português "é sólido, é coerente e é forte", contrariando "vários presságios, nomeadamente de Jorge Bravo", o economista que vai liderar a equipa nomeada pelo executivo minoritário PSD/CDS.
"Em 2024, a Segurança Social teve um saldo positivo superior a quatro mil milhões de euros. 4,4 mil milhões de euros. Cerca de dois mil milhões de euros deste saldo positivo vieram de contributos de trabalhadores imigrantes. Para 2025, projeta-se um saldo positivo superior a cinco mil milhões de euros. 5,7 mil milhões de euros. O Fundo de Estabilização da Segurança Social que garante o pagamento das pensões futuras totaliza mais de 40 mil milhões de euros", apontou.
Neste contexto, o líder da bancada bloquista anunciou que o partido vai entregar um requerimento para ouvir com urgência no parlamento a ministra do Trabalho, Rosário Palma Ramalho.
O BE quer que a governante explique ao país "as suas reais intenções" com este grupo de trabalho e afirmou que o partido "não aceita que a direita volte a brincar com a Segurança Social".
Fabian Figueiredo foi ainda questionado sobre as declarações da ministra do Trabalho de que o Governo não vai tocar em "nenhum direito adquirido" quanto às reformas, remetendo para as conclusões do grupo de trabalho agora lançado qualquer eventual mudança nas reformas antecipadas.
"É importante ler bem as palavras da senhora ministra. Disse que não iria cortar nenhum direito adquirido. Não disse, no entanto, que não pretende introduzir um sistema de plafonamento da segurança social". realçou.
Em declarações aos jornalistas à chegada da VII Cimeira Portugal Cabo-Verde, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, Rosário Palma Ramalho foi questionada por várias vezes se o Governo se prepara para colocar um travão às reformas antecipadas, como noticiou na segunda-feira o Correio da Manhã.
"Não vai haver cortes, nem vai haver nenhum prejuízo dos direitos adquiridos dos pensionistas", respondeu.
Perante a insistência dos jornalistas se esse travão se pode vir a aplicar no futuro, Rosário Palma Ramalho respondeu: "Para o futuro, ver-se-á o que é que vai acontecer, mas tudo depende das conclusões do Grupo Trabalho".
ARL (SMA) // JPS
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