Goma, capital da província do Kivu-Norte e principal cidade do leste da RDCongo, foi ocupada pelo grupo armado antigovernamental M23 e por tropas ruandesas, que tomaram o aeroporto na terça-feira.
"Está em curso uma resposta vigorosa e coordenada contra estes terroristas e os seus patrocinadores", disse Tshisekedi, na quarta-feira à noite, num discurso transmitido em directo pela televisão --- o primeiro desde o início da ofensiva.
"O leste do nosso país, particularmente as províncias de Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri, está a enfrentar um agravamento sem precedentes da situação de segurança", acrescentou o chefe de Estado.
Tshisekedi alertou que a violência corre o risco de conduzir "directamente a uma escalada" na região dos Grandes Lagos.
O rápido avanço do M23 e das forças ruandesas motivou inúmeros apelos da comunidade internacional para que os combates parassem. A ONU, os Estados Unidos, a China, a União Europeia e a vizinha Angola pediram ao Ruanda que retirasse as suas tropas.
Tshisekedi criticou, no entanto, acomunidade internacional: "O seu silêncio e a sua inacção (...) constituem uma afronta" à RDCongo.
Na terça-feira, manifestantes atacaram várias embaixadas, incluindo as do Ruanda, acusando este país de lhes ter "declarado guerra" no leste do país, e as da França, Bélgica e Estados Unidos, países criticados pela sua inação nesta crise.
"Condeno nos termos mais fortes os atos de vandalismo e pilhagem que tiveram como alvo certas missões diplomáticas acreditadas na República Democrática do Congo", disse Tshisekedi.
O Presidente angolano apelou na quarta-feira aos rebeldes do M23 para abandonarem a cidade de Goma e à retirada das forças ruandesas do território da RDCongo para dar estabilidade às populações.
João Lourenço, que tem atuado como mediador na crise, manifestou "grande apreensão" face aos "graves desenvolvimentos" registados no Leste da RDCongo que culminaram com a ocupação de Goma, uma "séria violação ao Processo de Luanda", iniciativa diplomática liderada por Angola para pôr fim ao conflito.
Os combates já deslocaram mais de 500 mil pessoas desde o início de janeiro, segundo o Governo congolês.
Mais de 100 mortos e cerca de mil feridos foram levados para os hospitais de Goma nos últimos três dias de combates, de acordo com uma contagem da agência de notícias France-Presse (AFP) elaborada na terça-feira a partir de relatórios hospitalares.
A capital do Quénia deveria ter acolhido na quartafeira uma cimeira para discutir a situação no país, mas Felix Tshisekedi anunciou que não iria participar no encontro que deveria contar também com o Presidente ruandês, Paul Kagame.
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