A Unidade Local de Saúde da Lezíria (ULS Lezíria) iniciou no passado dia 6 de maio a utilização da TeleTOD, uma solução tecnológica que permite a realização da Toma Observada Diretamente (TOD) através de videochamada para doentes com tuberculose pulmonar. O sistema destina-se a utentes com dificuldades de mobilidade, barreiras geográficas ou outras limitações que comprometam o acompanhamento presencial regular.

A medida, já em funcionamento na Consulta Respiratória da Comunidade (CRC), surge na sequência da restruturação dos antigos centros de diagnóstico pneumológico, ocorrida em 2024, e insere-se num esforço de modernização dos cuidados respiratórios prestados na região.

Gustavo Reis, diretor do Serviço de Pneumologia e do Departamento de Medicina da ULS Lezíria, destaca que “a TOD garante o cumprimento rigoroso do tratamento e previne o surgimento de estirpes resistentes”. Para o responsável, a introdução da TeleTOD constitui um passo fundamental na consolidação do sucesso terapêutico e no controlo epidemiológico da doença.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2023 foram registados cerca de 10,8 milhões de casos de tuberculose a nível global. Face a esta realidade, Ana Silva, enfermeira especialista adjunta, reforça a importância de “soluções digitais para melhorar a adesão ao tratamento e reduzir o abandono”.

A TeleTOD funciona através da plataforma RSE Live, integrada no sistema SClínico, garantindo segurança e confidencialidade durante as teleconsultas. Cláudia Lares dos Santos, coordenadora da CRC e interlocutora para a tuberculose, salienta que esta nova abordagem é especialmente eficaz em doentes com risco acrescido de não cumprimento terapêutico. “Iniciámos vários projetos, entre os quais a TeleTOD, para reforçar a proximidade e a eficácia da resposta clínica”, afirma.

António Veiga, médico responsável pela atividade clínica da CRC, considera que “a obrigatoriedade de deslocações diárias durante vários meses é, para muitos doentes, impraticável. A TeleTOD permite superar esse obstáculo, reduzindo o risco de abandono”.

A supervisão remota tem permitido, segundo a enfermeira Elisabete Cunha, “acompanhar a toma da medicação, detetar efeitos adversos e manter a motivação do doente, tudo no conforto da sua casa”. Nuno Pedro Martins, promotor interno de telemedicina, acrescenta que “a integração da RSE Live no SClínico facilita o acesso do profissional de saúde, enquanto o utente apenas necessita de ligação ao SNS 24”.

A introdução da TeleTOD na ULS Lezíria reforça o compromisso com a inovação e a equidade no acesso aos cuidados de saúde, oferecendo uma resposta mais eficiente, inclusiva e centrada no doente.