
À terceira foi de vez: Fernando Peres levou para casa a vitória no Guarda Racing Days! Disputada no passado fim de semana, a prova organizada pela Câmara Municipal da Guarda e pelo Clube Escape Livre voltou a merecer o epíteto de “Corrida dos Campeões”. Mais de duas dezenas de carros de quatro categorias diferentes enfrentaram-se no percurso misto com 1,490 km percorrido por duas vezes e, contas feitas, o melhor foi o antigo tricampeão de Portugal de Ralis, Fernando Peres.
Foi um fim de semana de corridas na Guarda com muita emoção e adrenalina e com milhares de espectadores a observarem duas dezenas de pilotos em luta pelo troféu final de vencedor do Guarda Racing Days, uma obra de arte metalúrgica única, da autoria de Nuno Maroco. Um traçado misto com 60% de piso de asfalto e 40% de pisos de terra com curvas para todos os gostos e até um salto espetacular.
Inscreveram-se para a prova organizada pela Câmara Municipal da Guarda e pelo Clube Escape Livre com o patrocínio da Bridgestone, First Stop e BP Ultimate, mais de duas dezenas de pilotos. Sábado começou bem cedo com a chegada das equipas e as verificações documentais e técnicas, destacando-se a presença da Peres Competições com o Mitsubishi Lancer Evo IX pilotado por Fernando Peres, a Ford Ranger T1 da equipa 767 PRK Sport Rally Team pilotada por José Rogeira e o kartcross de Alexandre Borges, a que se juntaram diversos SSV e carros de ralis. Destaque ainda para o piloto mais jovem em pista, Duarte Vaz que com apenas 10 anos esteve aos comandos de um SSV Polaris 570.
Após as sessões de treinos livres que não foram isentas de problemas para alguns pilotos, foi tempo de recuperar forças ao jantar, não sem antes o Clube Escape Livre em colaboração com a Bridgestone e a First Stop lançar um desafio a equipas e pilotos. O simulador do Clube Escape Livre foi o palco para uma divertida “luta” pelo melhor tempo numa volta ao Circuito Red Bull Ring (Áustria) ao volante de um Mercedes AMG GT3 com as cores da Bridgestone e equipado com pneus Potenza.
Um desafio encarado com muita determinação e que acabou com a vitória de Samuel Rocha (1m29,178s) seguido de Francisco Carvalho Jr (1m29,559s) e de Dinis Rogeira (1m30,343s). Um pódio diferente antes das corridas.
O último dia do Guarda Racing Days tinha reservado um “warm up” e as mangas que determinariam os vencedores das diversas categorias, apuraria os pilotos para as duas meias-finais e os finalistas que iriam lutar pela vitória à geral.
O “warm up” não sorriu a Alexandre Borges que acabou fora de prova quando o motor do seu kartcross decidiu entregar a alma ao criador. Isto numa altura em que o pluri-vencedor do Guarda Racing Days estava a rodar muito perto do recorde da pista que lhe pertence.
Sem a presença de Alexandre Borges, as mangas de qualificação arrancaram e Fernando Peres mostrou que apesar de estar ao volante de um carro mais difícil de pilotar na pista mista, queria a vitória. Enfim, dar razão ao ditado “à terceira é de vez!” Contas feitas a esta primeira manga, Peres ficou na frente de Bruno Oliveira (Kamikaze ZX) e Francisco Carvalho (Toyota GR Yaris). Seguiram-se Sérgio Vaz (Polaris RZR) e José Silva (JRS Demo R), a fechar o Top 5. José Rogeira (Ford Ranger T1), Fábio Cruz (Renault Clio 1.8 16V), Dinis Rogeira (CAN-AM Maverick X3),
Fernando Ferreira (Renault Clio Rally5) e Emídio Guerreiro (Polaris RZR) fecharam o Top 10.
Destaque para a vitória no duelo de ex-secretários de Estado do Desporto, que verteu a favor de Emídio Guerreiro, ao volante de um SSV, face a Hermínio Loureiro, no Peugeot 206, e para o facto do jovem Duarte Vaz que do alto dos seus tenros 10 anos de idade conseguiu evitar ficar na última posição.
A segunda manga voltou a ter o nome de Fernando Peres no topo da classificação, ficando qualificado para a primeira meia-final, lado a lado com Sérgio Vaz. Apesar de ter conhecido problemas no seu Kamikaze e não ter disputado a segunda manga, Bruno Oliveira foi o segundo mais rápido e acabou na segunda meia-final com José Rogeira e a sua imponente Ford Raptor T1.
Antes das meias-finais ficaram decididas as classificações de cada categoria. Fernando Peres venceu a Categoria A na frente de Francisco Carvalho e Fábio Cruz (terminaram classificados 13 pilotos) enquanto José Rogeira foi o melhor da Categoria B. Bruno Oliveira superiorizou-se a José Silva na Categoria C, ao passo que na Categoria D o vencedor foi Sérgio Vaz na frente de Dinis Rogeira, Emídio Guerreiro e Duarte Vaz. A melhor concorrente feminina foi Daniela Lopes.
Já nas classes, Fábio Cruz venceu a Classe 1 na frente de Fernando Pereira e Fernando Morgado, seguindo-se Gonçalo Cruz, Daniela Lopes, Hermínio Loureiro e Paulo Leite. Na Categoria 2, vitória para Tiago Cabral na frente de Virgílio Faleiro, ao passo que na Classe 3, Francisco Carvalho foi o mais rápido. Fernando Peres venceu na Classe 4 na frente de Luís Fonseca e António Matias, José Rogeira ganhou a Classe 5 e Bruno Oliveira superiorizou-se a José Silva na Classe 9.
Finalmente, na Classe 10, Sérgio Vaz ganhou na frente de Dinis Rogeira, Emídio Guerreiro e Duarte Vaz. Entre os pilotos da Guarda, venceu Francisco Carvalho na frente de José Silva, Fábio Cruz, António Matias, Fernando Morgado, Gonçalo Cruz, Tiago Cabral e Virgílio Faleiro. Todos os vencedores e ocupantes do pódio em todas as categorias levaram para casa um Troféu SPAL.
As meias-finais acabaram por ser um verdadeiro espetáculo! Fernando Peres enfrentou Sérgio Vaz e apesar de maior potência do Mitsubishi, Peres enfrentou coriácea oposição do Polaris de Vaz. Encontrado o primeiro finalista, chegou a vez da segunda meia-final, onde José Rogeira não conseguiu impor a potência da espetacular Ford Ranger T1 à agilidade do pequeno, mas veloz, Kamikaze de Bruno Oliveira. Ficavam, assim, encontrados os pilotos que iriam lutar pela vitória à geral.
Bruno Oliveira encontrou algumas dificuldades antes da Final no seu Kamikaze, que foram prontamente resolvidos pelos seus mecânicos. Mas era um prenúncio do que iria acontecer a seguir. Dada a partida, o piloto acabou imobilizado na pista.De regresso ao parque de partida, Bruno Oliveira ficou desolado quando percebeu que a sua prova acabava ali devido a um semieixo partido. Fernando Peres realizou, sozinho, a final e com um ritmo fabuloso estava a tentar bater o recorde da pista. Porém, dois erros na parte de terra do percurso roubaram-lhe esse objetivo. Ficou a
vitória na sua classe e à geral com uma condução espetacular que arrancou muitos aplausos dos muitos espectadores que não arredaram pé até que o Mitsubishi cruzasse a linha de meta.
No final da edição 2025 do Guarda Racing Days, Fernando Peres estava muito satisfeito pois “foram três participações onde na primeira fui forçado a abandonar com um problema de motor, na segunda fiquei na segunda posição atrás do Alexandre Borges e, agora, finalmente a vitória numa prova que adoro!”
O piloto tricampeão de Portugal de Ralis em 1994, 1995 e 1996 destacou o trabalho do Clube Escape Livre ao dizer que “esta é a única prova onde podemos ter em competição vários tipos de carro, num circuito curto, mas intenso, com admiráveis condições de segurança. O percurso está consolidado e, portanto, é uma prova que faço com muito gosto e espero para o ano estar de regresso. Ouvi uns rumores que o Guarda Racing Days iria acabar, mas isso não pode acontecer. A FPAK tem de guardar a data deste evento e não deixar mais nenhuma prova realizar-se no fim de semana do Guarda Racing Days para que mais pilotos possam vir até esta brilhante prova. Como disse, espero que o que ouvi não seja verdade porque cometem-se muitos crimes em Portugal. Acabar com o Guarda Racing Days seria um deles!”
Para Sérgio Costa, presidente da Câmara Municipal da Guarda, “este é um evento único e o futuro terá de ser a sua continuação, pois perante este espetáculo dado pelos pilotos a este enorme número de espectadores, temos de continuar com o Guarda Racing Days.”
O presidente do Clube Escape Livre, Luís Celínio, esteve debaixo dos holofotes ao longo dos dois dias de prova, particularmente, dos pilotos, e acabou por confessar que “é desmotivador que os esforços e empenho quer do clube quer da câmara quer, ainda, dos patrocinadores, encontrem dificuldades cuja superação não depende de nós e que, ano após ano, não permitam que o Guarda Racing Days alcance ainda mais visibilidade e prestígio. Vamos decidir o que fazer no futuro.”