O Lusitano de Évora disputou este sábado, dia 14 de junho, a final do Campeonato de Portugal contra o Vitória SC B, no Estádio Nacional do Jamor.

O eborenses aguentaram, lutaram e acabaram a sorrir no Jamor. Depois de um empate suado, foi nos penáltis que a equipa alentejana mostrou nervos de aço e levou para casa o troféu do Campeonato de Portugal.

Serenos, mas nervosos

Entraram as duas equipas com ganas de levantar o caneco. E isso notou-se logo — posse dividida, ritmo puxado, entradas a sério. Podia ser sinal de jogo equilibrado e sereno, mas… não foi bem por aí.

Talvez nervos de final, talvez vontade a mais — o que é certo é que a falta foi o “passe” mais dado na primeira meia hora. Ainda assim, quem ameaçou primeiro foi o Lusitano. A habitual aposta nas alas começou a render, com Sele Davou a pôr a casa em sentido logo de início.

Com a sua verticalidade do costume e aquele drible meio traquinas, o nigeriano foi criando calafrios à direita, obrigando João Oliveira a estar sempre em alerta.

Contra a corrente

Mas foi o Vitória a rir-se primeiro. Aos 16 minutos, um golo com selo de acidente… feliz. Jin-young Yuk encheu o pé — tudo apontava para cruzamento — mas a bola fugiu-lhe do pé e foi direitinha ao fundo da baliza. Duarte Martins ainda está a tentar perceber como é que aquilo entrou.

A defesa eborense ficou a ver navios, mas Pedro Russiano manteve-se fiel ao plano. E bem. O Lusitano voltou à carga, abrindo bem o jogo pelas alas, como gosta — com espaço, combinações rápidas e Mauro Andrade a ditar o ritmo ao centro.

Miguel Lopes ia aparecendo perto da área como quem cheira o perigo. Mas o jogo começou a arrefecer.

Meter água na fervura

O Vitória acalmou com bola e o Lusitano começou a precipitar-se. O cansaço das decisões apressadas notava-se.

O intervalo chegava em boa hora. Os minhotos precisavam de respirar. Os alentejanos de ouvir o mister e arrumar ideias.

Tudo (bem) planeado

Não sabemos o que se passou no balneário do Lusitano, mas em campo parecia tudo ensaiado: pressão alta, linhas subidas, intensidade nas divididas.

O Vitória vacilou até que Gil Lameiras mexeu no jogo: mais velocidade pela esquerda, bola mais calma no meio.

Funcionou — mais ou menos. A equipa reagiu, e com isso os eborenses começaram a baixar um pouco as linhas.

Tudo partido

O jogo partiu-se de vez. Cada ataque parecia poder dar golo. E acabou por dar… para o Lusitano.

Aos 62’, Tiago Baptista faz magia no meio. A bola sobra para Sele Davou, que cruza com conta, peso e medida. Dida amortece com classe e Miguel Lopes só teve de fuzilar. 1-1. De novo tudo empatado no Jamor.

O jogo acelerou — como se ambos soubessem que estava ali um bilhete para a história. E, por entre substituições e pulmão novo dos nortenhos, o Lusitano tentava ainda fazer das alas o seu caminho.

Aguenta coração

Com tudo o que se tinha jogado, o prolongamento já nem era surpresa — era destino. Os jogadores, esses, já iam de rastos. As pernas pesavam, os pulmões ardiam e o golo… continuava teimoso em aparecer.

Pedro Russiano ainda tinha um trunfo: cinco substituições por fazer. E não esperou. Meteu três de uma vez, a dar pernas frescas a uma equipa que já pedia socorro.

Mas a eficácia? Essa continuava de férias.

Houve oportunidades para ambos os lados — bolas ali perto, suspiros na bancada — mas o marcador nem mexeu no primeiro tempo extra.

As paragens iam-se somando, fosse por cansaço ou por toques que pareciam mais dolorosos do que eram. Más decisões, passes falhados, ansiedade à flor da pele. A final ganhava carga, tensão… e cheiro a penáltis.

Final feliz à alentejana

Quando o apito final selou os penáltis, o Lusitano caiu de joelhos — mas desta vez, de alegria. A festa fez-se em tons de verde, com abraços apertados, olhos marejados e um grito preso na garganta que finalmente se soltou.

Foi preciso sofrer, correr, remar contra o cansaço, mas no fim, os homens de Évora disseram “presente” quando mais importava. O Jamor viu um Lusitano valente, fiel à sua identidade, a erguer a taça como quem escreve história. E agora… pode mesmo começar a sonhar mais alto.

Lusitano GCVitória SC B1 (3)1 (1)Miguel Lopes (62′)Jin-young Yuk (16′)