
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) revelou esta terça-feira que os médicos do Serviço de Oncologia Médica da Unidade Local de Saúde do Algarve apresentaram escusas de responsabilidade, denunciando falta de condições de trabalho e dos cuidados prestados aos utentes.
Em comunicado, a FNAM explica que as denúncias dos médicos revelam atrasos de meses na autorização de medicamentos e exames, "com impacto direto na sobrevivência e prognóstico dos doentes", e diz que já denunciou o caso à Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Entre outras situações, a FNAM refere que os médicos apontam falta de condições físicas básicas - "como casas de banho e água quente" -, "carência extrema" de recursos humanos, ausência de plano de fixação de médicos e normal funcionamento do internamento dependente de médicos internos.
Os médicos, segundo a FNAM, denunciam "avarias constantes" em equipamentos críticos, nomeadamente para a preparação de quimioterapia, uma carga assistencial "insustentável" e uma "desorganização estrutural" que compromete a segurança clínica.
Queixam-se igualmente de não terem sido envolvidos nas decisões estratégicas sobre o futuro da oncologia na região.
Câmara de Loulé avança com instalação de novo equipamento
Estas denúncias surgem depois de a Câmara de Loulé ter anunciado, no final de março, avançar para a instalação de um novo equipamento num edifício onde os doentes oncológicos do Algarve serão totalmente tratados, evitando deslocações a Lisboa ou Sevilha, como acontece agora.
Esta solução foi encontrada com o acordo da ULS do Algarve e do Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve (ABC), depois de abandonado o projeto anterior de alterar o Plano de Pormenor do Parque das Cidades para possibilitar a construção do novo Centro Oncológico de Referência do Sul, que deveria estar já instalado desde 2024.
A nova unidade deverá entrar em funcionamento em meados de 2026, com um investimento de 3,5 milhões de euros financiado em 60% por fundos europeus (Portugal2030) e em 40% pela Câmara de Loulé.
O departamento de urbanismo do município de Loulé tinha chumbado em janeiro a construção do Centro Oncológico Regional do Sul alegando que o projeto ultrapassava a área limite da parcela disponibilizada para a sua construção e não respeitava as áreas verdes estipuladas.
Com o acordo conseguido, a ULS Algarve garante "a concretização de todas as condições para a realização de todas as PET da região no novo equipamento até ao início do funcionamento do Hospital Central do Algarve".
Na nota divulgada esta terça-feira, face às denúncias dos médicos, a FNAM reivindica a resolução dos constrangimentos apontados com reforço de recursos humanos e técnicos, a valorização do trabalho médico e a garantia de que decisões estruturantes, como a criação de centros oncológicos, envolvam os profissionais do Serviço Nacional de Saúde.