
O lucro do BIM Moçambique, banco do grupo português BCP, caiu para menos de metade em 2024, para 3,31 mil milhões de meticais (46 milhões de euros), segundo dados do relatório e contas consultado nesta segunda-feira pela Lusa. De acordo com o banco, trata-se de uma redução de 54% face ao resultado líquido do exercício de 2023, quando atingiu os 7,21 mil milhões de meticais (100,4 milhões de euros) – na altura um aumento de 8,2% num ano -, “essencialmente explicada pelos aumentos nas imparidades e provisões”.
“Refletindo o aumento das imparidades para a dívida pública”, justifica o BIM, um dos três maiores do país, no relatório e contas, referindo que a imparidade de títulos da dívida pública aumentou 2,1 mil milhões de meticais (29,2 milhões de euros) no último ano, “na sequência da revisão em baixa do ‘rating’ para emissões do Estado em moeda nacional”.
O BIM sublinha, contudo, que o rácio de solvabilidade aumentou devido ao incremento dos fundos próprios, fixando-se em 36,7%, “consideravelmente acima do limite regulamentar de 12,0%, refletindo a resiliência e solidez financeira do banco”. Numa envolvente económica desafiante, o Millennium BIM manteve-se sólido e robusto, sustentado por uma boa governança, gestão prudente do risco, posição de liquidez bastante confortável, níveis de capital muito elevados e resiliência para enfrentar choques adversos da conjuntura de mercado”, referiu o presidente do conselho de administração do banco, Moisés Jorge, no relatório e contas.
De acordo com o documento, os ativos totais do banco cresceram 6,1%, para 202 mil milhões de meticais (2,81 mil milhões de euros), os recursos (depósitos) de clientes aumentaram 7,1%, para 156,8 mil milhões de meticais (2,18 mil milhões de euros).
Já a imparidade de crédito, líquida de recuperações, fixou-se em 178 milhões de meticais (2,5 milhões de euros), mais 110,4% igualmente face ao ano anterior, uma situação “decorrente da recuperação significativa de créditos em 2023, com impactos na reversão de imparidades”, segundo a instituição.
Os capitais próprios do Millennium BIM reduziram 6,3%, para 34,6 mil milhões de meticais (481,8 milhões de euros), “refletindo a queda no resultado de exercício e a distribuição de dividendos sobre os resultados do ano anterior”, sublinha a administração.
O crédito líquido a clientes aumentou 2,2%, para 45,16 mil milhões de meticais (629 milhões de euros). Do total do crédito concedido pelo banco, 2,8% estava em situação de vencido há mais de 90 dias, uma ligeira redução face ao 2,87% de 2023, e longe dos 7,78% e 7,96% de 2022 e 2021, respetivamente.
O Millennium BIM fechou 2024 com um crescimento de 6,75% no total de clientes, que passaram a ser mais de 2,1 milhões em todo o país, o número de agências permaneceu em 195 e o número de trabalhadores aumentou quase 2%, para 2625.
O banco aprovou ainda distribuir 30% dos lucros de 2024 em dividendos aos acionistas, no total de 992,6 milhões de meticais (13,8 milhões de euros), aplicando o restante em reservas.
O BIM iniciou atividade em outubro de 1995, em resultado de uma parceria estratégica entre o Banco Comercial Português (Millennium BCP) e o Estado Moçambicano.
À data de 31 de dezembro de 2024, contava um capital social de 4,5 mil milhões de meticais (62,6 milhões de euros), a maioria detido pelo BCP África (grupo Millennium BCP), com uma participação de 66,69%, seguindo-se o Estado de Moçambique (17,12%), o Instituto Nacional de Segurança Social moçambicano (4,95%) e a Empresa Moçambicana de Seguros (4,15%), entre outros acionistas.
Segundo dados do banco central, funcionam em Moçambique 15 bancos comerciais e 12 microbancos, além de cooperativas de crédito e organizações de poupança e crédito, entre outras.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50