De acordo com o canal em chinês da emissora pública TDM Macau, Kuok Cheong U deu conta do registo de 284 recém-nascidos nos dois hospitais do território até segunda-feira, menos 17 do que no mesmo período de 2024.
Após visitar os primeiros bebés nascidos no Ano Lunar da Serpente, que começou hoje, o dirigente disse esperar que a taxa de natalidade "continue a cair" e acrescentou que "já será bom" se o número de nascimentos atingir 3.500.
Caso a previsão de Kuok seja certeira, este será o ano menos fértil desde 2004, quando a cidade registou 3.308 nascimentos.
De acordo com dados oficiais, em 2023 registaram-se 3.712 nascimentos em Macau, menos 43,5% do que há 10 anos (6.571) e longe do máximo de 7.913 fixado em 1988, que foi um Ano Lunar do Dragão.
Considerado um símbolo da realeza, fortuna e poder e única figura mítica entre os 12 signos do milenar zodíaco chinês, o signo do Dragão reúne um conjunto de características que tradicionalmente leva os casais a planear ter filhos durante esse período.
Aliás, o pai do primeiro recém-nascido no Hospital Kiang Wu, de apelido Yip, disse à imprensa local que o filho nasceu mais tarde do que o previsto e que o casal estava a contar que ainda fosse "um bebé dragão".
Apesar de 2024 ter sido considerado um ano auspicioso, Tao Xuemei e Wong Chio Fan, um jovem casal, disseram à Lusa que as finanças pessoais e a dos cofres chineses não permitem dar esse passo.
"Preocupa-nos ter filhos por causa da dívida nacional, devido à recessão económica. A opção pela maternidade depende realmente da capacidade económica do país e da capacidade de pagamento da dívida", resume Tao, de 28 anos, a trabalhar como orientadora escolar.
"Não queremos ter filhos só para lhes passar as [nossas] dívidas", completa Wong, empreiteiro de 35 anos.
O crescimento económico da China continental atingiu em 2024 a meta de 5% fixada por Pequim, mas alguns economistas afirmam que a economia está a expandir-se a um ritmo mais lento do que o indicado nas estimativas oficiais.
Nicholas Chen, analista da CreditSights, disse à Lusa que a empresa do grupo da agência de notação financeira Fitch espera uma desaceleração para 4,7% este ano, em parte devido ao fraco consumo privado.
Durante a campanha eleitoral, o novo chefe do Executivo de Macau admitiu que um dos maiores desafios a longo prazo é a baixa natalidade, que em 2023 atingiu um mínimo histórico de 0,59 nascimentos por mulher.
Sam Hou Fai disse ser necessário "criar condições em termos de educação e emprego" para subir a natalidade e prometeu estudar a extensão da licença de maternidade, atualmente fixada em 70 dias, e a criação de um fundo de providência central obrigatório.
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