
Além de manter a classificação de Portugal, ao contrário do que era esperado pelos analistas e pelo ministro das Finanças, que antecipavam uma subida, a agência de notação financeira decidiu também continuar com a perspetiva positiva, um 'outlook' que foi definido em setembro do ano passado.
Na justificação desta decisão, a Fitch aponta que Portugal tem indicadores de governação superiores à mediana 'A', mas que estes fatores são "equilibrados por níveis ainda elevados de dívida pública e externa".
Por outro lado, "o 'outlook' positivo reflete as perspetivas de redução contínua da dívida pública e externa e um grau de resiliência esperado na economia portuguesa, apesar dos riscos externos elevados e da incerteza em torno dos desenvolvimentos políticos".
Entre os riscos à economia portuguesa, a Fitch destaca as tensões comerciais e questões geopolíticas, que podem prejudicar as exportações e reduzir o crescimento, bem como as eleições antecipadas, marcadas para 18 de maio.
"A instabilidade relacionada com as eleições pode impedir a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, dificultando o crescimento ao atrasar projetos críticos", salienta a agência, acrescentando que a crise também pode "enfraquecer a confiança do consumidor e das empresas, levando as famílias e as empresas a adotar estratégias de gastos e investimentos mais cautelosas".
No que diz respeito à incerteza política, a Fitch salienta que "esta é já terceira eleição legislativa de Portugal em três anos, enfatizando a volatilidade política recorrente".
"Prevemos que um dos principais partidos centristas vencerá e manterá políticas orçamentais prudentes", antecipa a agência, ainda que admita que, "apesar do forte histórico de disciplina orçamental do país ao longo de várias mudanças governamentais, o próximo período eleitoral pode afetar a implementação de medidas orçamentais, potencialmente minando a posição orçamental de Portugal".
Esta é a terceira agência de notação financeira a pronunciar-se sobre Portugal este ano, sendo que a tanto a DBRS como a S&P melhoraram a classificação da dívida soberana nas suas revisões, que aconteceram ainda antes da crise política.
O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
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