O banco FNB Moçambique, do sul-africano FirstRand, registou prejuízos de 801,1 milhões de meticais (11,3 milhões de euros) em 2024, devido a problemas na carteira de crédito, segundo dados do relatório e contas.

O resultado líquido do FNB Moçambique já tinha recuado 75% em 2023, mantendo ainda assim lucros, então de 49,3 milhões de meticais (696 mil euros), mas em 2024 passou a prejuízos. Em 2022, o banco, que conta com pouco mais de 450 trabalhadores e cerca de 15 agências, tinha apresentado lucros de 197,4 milhões de meticais (2,7 milhões de euros).

No relatório e contas, a administração do banco destaca que “um contribuinte significativo” para os prejuízos de 2024 “foram os créditos indevidos em contas de clientes de um dos produtos transacionais”, reconhecendo “uma perda operacional” de 382,8 milhões de meticais (5,4 milhões de euros) no exercício findo em 31 de Dezembro passado.

“Adicionalmente, foram incorridas perdas relacionadas ao mesmo incidente, no valor de 170,8 milhões [2,4 milhões de euros] após o final do ano, em janeiro de 2025. O banco iniciou as medidas corretivas apropriadas em resposta ao referido incidente de perda operacional, tendo alguns valores actualmente sido recuperados. O referido processo de recuperação continua em curso”, justifica ainda a administração no documento.

Acrescenta que o banco decidiu constituir “imparidades de crédito adicionais” no valor de 104 milhões de meticais (1,4 milhão de meticais): “Para atender ao impacto dos eventos sobre os nossos clientes, relacionados com as manifestações pós-eleitorais, ocorridas entre outubro e Dezembro de 2024”.

“Contudo, estes eventos significativos não afectaram os limites prudenciais, e o conselho de administração tem total confiança na gestão para continuar com os seus planos de expansão do negócio”, lê-se ainda.

Face a este desempenho, o banco decidiu não distribuir dividendos aos acionistas relativamente ao exercício do ano passado.

Os activos totais do FNB, diz a Lusa, recuaram em 2024 para 24.461 milhões de meticais (345,7 milhões de euros), mas com os empréstimos a clientes a crescerem para 6.136 milhões de meticais (86,7 milhões de euros), enquanto o passivo total permaneceu quase inalterado, em 21.670 milhões de meticais (306,3 milhões de euros), tal como os depósitos, em 20.591.002 meticais (291,1 milhões de euros).