O périplo de Vítor Pereira fê-lo cirandar pelas periferias dos grandes campeonatos. Saído do FC Porto, empanturrado com o título de 2012/13, vencido com golo de Kelvin aos 90+2’, a viagem profissional deu-lhe bilhetes para a Arábia Saudita, Grécia, Turquia, Alemanha (segunda divisão), China e Brasil. Campeonatos das cinco maiores ligas europeias, nem um.
A liga saudita é um ecossistema confortável para a conta bancária, mas talvez não seja o destino final de quem ainda tenha ambições desportivas no reservatório. Vítor Pereira foi expressando fundadas esperanças de conseguir chegar a campeonatos de maior relevo e eis que o conseguiu. O Wolverhampton recrutou o treinador de 56 anos para liderar a alcateia nos próximos 18 meses. E muito teve que o querer o emblema da Premier League ou não tivesse pago €1 milhão para libertar o espinhense do Al-Shabab.
O técnico já estava em Inglaterra desde terça-feira, mas só agora foi apresentado no emblema com forte tradição lusa, tornando-se no novo inquilino do escritório anteriormente ocupado por Gary O’Neil. O plantel conta atualmente com os portugueses José Sá, Nélson Semedo, Toti Gomes, Carlos Forbs, Rodrigo Gomes e Gonçalo Guedes, mas nem por isso a combinação tem funcionado. Com 16 jornadas disputadas, o Wolverhampton está na penúltima posição da Premier League e tem apenas nove pontos somados.
Nesta fase delicada, em que o Wolverhampton se encontra em zona de despromoção, Matt Hobbs, diretor desportivo, vê em Vítor Pereira um treinador “muito experiente e consagrado” com capacidade para ser “bem-sucedido ao mais alto nível”. Jeff Shi, chairman dos lobos, imputa ao português a responsabilidade de assumir a equipa num “momento desafiante”.
Vítor Pereira é o terceiro português a treinar o Wolverhampton depois de Nuno Espírito Santo e Bruno Lage terem ocupado o mesmo cargo. O intempestivo técnico deixou o Al-Shabab no sexto lugar da liga saudita, a 13 pontos da liderança, e chega à Premier League com dois campeonatos portugueses, um grego e um chinês na carteira de conquistas.