A partir da sede do PS, no Largo do Rato em Lisboa, o secretário-geral Pedro Nuno Santos esclarece esta noite, de quarta-feira, a notícia sobre o facto de o Ministério Público ter aberta uma averiguação preventiva devido à aquisição de dois imóveis, um em Lisboa e outro em Montemor-o-Novo.

Começando por esclarecer que foi com “surpresa” que soube da investigação em curso, Pedro Nuno Santos diz estranhar “a coincidência e o momento da divulgação da notícia”.

A investigação, disse, numa declaração no Largo do Rato, centra-se em “questões pelas quais fui escrutinado em 2023”.

Apontando o dedo ao adversário Luís Montenegro, o socialista vincou que quando se evita prestar esclarecimentos, “a desconfiança aumenta”, Mas, acrescentou “não é o meu caso”.

"Quando há dois anos, as notícias vieram a público na última campanha, respondi ao Correia da Manhã, ao Observador e à Sábado, emiti direitos de resposta, e não escondi nenhuma conta, quer contas próprias quer em conjunto, apresentei cálculos de IMI, até as contas do meu filho e o seu saldo foram expostas. As nossas vidas foram escrutinadas à virgula".

Mais, prosseguiu. “Sempre fui transparente, não tenho medo do escrutínio do Ministério Público e dos jornalistas”, disse, revelando que esta quinta-feira “toda a informação” estará disponível no site do Partido Socialista porque, defendeu, “todas as denúncias são anónimas, a verdade é publica”.

“Finalmente, gostaria de dizer que a partir de amanhã estou disponível para ser ouvido pelo Ministério Público. Quem não deve não teme, quem não teme não foge”, concluiu.

Líder socialista detalha valor da compra das casas

Pedro Nuno Santos afirmou que os seus pais, ao longo da sua vida e da sua irmã, sempre os ajudaram, "como todos os pais que podem ajudam os seus filhos".O líder do PS detalhou os valores das compras das duas casas.

"A casa em Telheiras, que comprei com a minha mulher em final de 2018, custou 740 mil euros e foi paga com um sinal de 92 mil e 500 euros de duas contas minhas e 647 mil e 500 euros de uma conta conjunta, sendo que estes são compostos por 450 mil euros de um crédito à habitação que contraí e 197 mil e 500 euros da conta da minha mulher", disse, explicando que este crédito foi abatido com o dinheiro que realizou na venda da casa que tinha na Praça das Flores.

Sobre a casa de Montemor-o-Novo, adiantou que foi comprada em 2022 por 570 mil euros.

"Foi pago um sinal de 57 mil euros de uma conta da minha mulher, os restantes 513 mil euros foram pagos da seguinte forma: 5 mil de uma conta da minha mulher, 508 mil de uma conta conjunta. Sendo que destes 508 mil, 456 mil são resultado de um empréstimo que ainda hoje estamos a pagar", disse.

"Nenhum de nós está livre de ter uma denúncia anónima"

De acordo com o líder do PS, estes casos resultam de notícias que vieram a público durante a última campanha para as legislativas, assegurando que então respondeu aos media, emitiu direitos de resposta, não escondeu nenhuma conta e revelou valores de venda, valores de compra, valores de passivos, créditos à habitação, cálculos de IMI.

"Até as contas do meu próprio filho, de 8 anos, e o seu saldo foram expostas na comunicação social", disse, assegurando que as suas declarações e as da sua mulher ao Tribunal Constitucional "foram escrutinadas à vírgula".

Assegurando que sempre foi transparente, Pedro Nuno Santos afirmou que, "ao contrário de Luís Montenegro", não tem medo "nem do escrutínio do Ministério Público nem do escrutínio dos portugueses".

"Tenho toda a documentação relevante para disponibilizar aos jornalistas. As denúncias são anónimas, mas a verdade é pública. Não vou simular como Luís Montenegro que entrego documentos para depois fazer o contrário", atirou.

O líder do PS disse ainda sentir-se "com a autoridade para exigir que Luís Montenegro aproveite também este momento para responder aquilo que ainda não respondeu" sobre a empresa e a casa.

"Nenhum de nós está livre de ter uma denúncia anónima sobre uma qualquer compra que fez. Aquilo que é importante ser feito é fazerem-se as perguntas, e nós estarmos disponíveis para dar todos os esclarecimentos. O que não pode ficar é qualquer sombra de dúvida", disse, considerando que "não há uma equivalência" e que "não são todos iguais".

MP abre averiguação preventiva

O Ministério Público (MP) abriu uma averiguação preventiva na qual é visado o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, confirmou à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).

"Na sequência de receção de denúncias e tendo em vista a recolha de elementos, o Ministério Público determinou a abertura de uma averiguação preventiva", referiu fonte oficial da PGR, sem adiantar mais detalhes sobre o caso.

Segundo o jornal "Observador", que avançou a notícia, em causa estão suspeitas relacionadas com a aquisição de um imóvel em Lisboa e outro em Montemor-o-Novo.

A averiguação preventiva "corre termos" no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), no qual é investigada a criminalidade económico-financeira mais complexa.

Com LUSA