Muito embora o resultado não tenha sido o mais desejado para o Casa Pia (derrota por 3-1), a noite de terça-feira tornou-se memória inesquecível para Renato Nhaga, que entrou ao minuto 90 na receção ao Estoril e estreou-se pela equipa principal dos gansos, motivando o orgulho de João Santos, o primeiro técnico que conheceu à chegada a Portugal e que conta a sua história a A BOLA.

«Quando cá chegou, o Renato foi morar para Peniche com a mãe e com o irmão, uma família muito humilde que vem da Guiné-Bissau sem muitos recursos, e pediram-me que o observasse no Casa Pia em 22/23, a meio da época. Esteve connosco cerca de duas semanas e logo aí vi que havia ali potencial apesar de ser muito franzino para a idade que tinha - era um menino muito inteligente, que não virava à cara à luta e muito interessado em aprender. Logo aí, vi que havia ali muita margem e algo me disse que teria de o ajudar», recordou.

«Ajudei na inscrição dele que, como sabe, era muito complicada pois era uma inscrição FIFA [para menores de idade]. Ele estava cá fazia ainda pouco tempo e veio da Guiné e é complicado consegui-lo, mas 23/24 ele começou logo a treinar na nossa pré-época, nos juvenis. Conseguimos inscrevê-lo e começou logo a dar nas vistas», explicou, algo que considera natural tendo em conta o seu potencial.

João Santos teceu o perfil do seu ex-pupilo e ainda protegido: «Quando tem a bola, parece que brinca com ela. É muito fácil o seu controlo e relação com a bola, muito fortes, e é um miúdo inteligente, consegue antecipar muito bem os lances antes de decidir. Está a evoluir muito e, como costumo dizer, ele mesmo a brincar acaba por ser muito sério e não tenho dúvidas de que vai chegar muito mais longe, é também muito maduro para a idade que tem [18 anos], respeita muito o adversário e os colegas e é um excelente ser humano», definiu.

A estreia na Liga, defende o seu antigo treinador, será apenas o começo. «A mim não surpreende nada, até porque ele terminou a época 23/24 muito bem e eu percebi que ou o Casa Pia o segurava ou ele já tinha propostas para ir para outro lado. Como amigo dele, fiquei muito contente por isso, pelo Casa Pia ter apostado muito nele, ajudado e acabasse por ficar com ele, porque sabia que iria dar frutos no futuro», concluiu, muito satisfeito com a evolução do jovem médio.