Foi preciso muito sofrimento, alguma felicidade e, acima de tudo, muito Clayton Silva. O Rio Ave evitou uma grande surpresa em Vila do Conde e venceu o S. João Ver no último minuto (2-1). Nove anos depois, os vilacondenses estão nas meias-finais da Taça de Portugal.
Do lado visitante, o S. João Ver cai de pé. Exibição de tremenda personalidade do emblema do terceiro escalão que podia, sem causar muito espanto, levar a partida, pelo menos, para um prolongamento.
Relativamente ao jogo, Petit não mexeu muito em relação ao empate diante do FC Porto (entrou André Luiz e Nelson Abbey para os lugares de Kiko Bondoso e Petrasso), ao passo que, do lado visitante, Afonso Cabral mexeu, acima de tudo, no meio campo: Diogo Barbosa e Paulo Lima regressaram ao 11.
Tenho muito tino, sou o Ruca
A música fez parte da infância de muitos e esclareceu os primeiros 20 minutos de muito tino do S. João Ver e de alguma irresponsabilidade do favorito Rio Ave.
O conjunto de Santa Maria da Feira arrancou determinado para causar uma surpresa nos minutos iniciais. Entrou forte, energético, mais pressionante, mais capaz com bola e alimentou a esperança nas bancadas visitantes com dois golos.
O primeiro, por João Victor, foi considerado irregular, por falta sobre Miszta no desenrolar da jogada - lance suscitou algumas dúvidas, mas entende-se a decisão do árbitro, uma vez que o guardião tinha a bola, na teoria, em sua posse -, mas o segundo, por sua vez, foi claro.
Ruca, o mais esclarecido do primeiro tempo, teve tino, juízo e frieza para abrir o marcador. Algo que faltou a Abbey quando derrubou Daniel dentro de área, poucos minutos antes.
Apesar desta entrada forte - que podia ter sido ainda mais esclarecedora se não fosse uma bela intervenção de Miszta -, o Rio Ave respondeu bem. Lançado na profundidade, Pohlmann esperou pelo timing certo e colocou a bola no coração da área onde Clayton, com um remate de primeira, não vacilou.
Clayton resolve
O golo aliviou a equipa de Petit antes do intervalo, mas não apagou os primeiros 45 minutos algo «apagados», ou, pelo menos, longe do nível expectável.
Apesar da faceta pouco exuberante no primeiro tempo, foi o S. João Ver (mais uma vez) a entrar melhor no segundo tempo. Ainda que sem criar muito perigo, a equipa orientada por Afonso Cabral esteve por cima, provocou inúmeros erros na construção vilacondense e mostrou-se confortável na partida.
Nos últimos 15 minutos, aí sim, surgiu um Rio Ave mais agressivo e a correr mais riscos do ponto de vista ofensivo. Ao minuto 74, João Novais aproveitou o espaço concedido pela defensiva de Santa Maria da Feira e, de muito longe, refira-se, disparou uma bomba em cheio no poste.
Aos 82', um pequeno balde de água fria (antes da festa) para os rioavistas: Clayton foi derrubado dentro de área, mas - após revisão VAR - o lance foi invalidado por fora de jogo do brasileiro. Tudo continuou na estaca zero até surgir, novamente, o avançado brasileiro.
De bola parada, no último lance da partida, Clayton surgiu dentro da pequena área para, de cabeça, resolver tudo em Vila do Conde.