O sonho português de conquistar a medalha de bronze no Mundial acabou na cara do guarda-redes francês Bolzinger que negou o empate a António Areia e a possibilidade de empurrar para prolongamento a discussão do terceiro lugar, em cima do apito final.
A França marcou, de livre de sete metros, a 19 segundos do final, e colocou-se em vantagem por 35-34). Paulo Pereira parou o jogo e organizou aquele que seria o último ataque da Seleção Nacional naquele que é já o melhor Mundial de sempre para a modalidade e do qual regressa a casa com o quarto lugar.
O desalento dos portugueses era evidente, perante a alegria dos franceses que tiveram de trabalhar bastante para conseguir subir ao último lugar do pódio, e o guarda-redes Gustavo Capdeville mal sorriu quando recebeu das mãos do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o prémio para melhor jogador.
De nada valeu a exibição do guardião de 27 anos que conseguiu manter em jogo a Seleção Nacional, quando a França ameaçava descolar irremediavelmente, já depois de uma primeira parte em que Portugal se mostrou sempre abaixo dos adversários fisicamente e perdia já por três golos (15-12).
Capdeville entrou para render Rêma e trouxe novo ânimo à defesa, com dificuldades de recuperação perante a velocidade do ataque francês e Guillaume Gille até deixou algumas estrelas dos campeões da Europa no banco.
Minne deu conta do recado sem problema e Portugal chegou ao intervalo a perder por 17-15.
Mas na segunda parte tudo mudou. Portugal não entrou bem, mas entrou com uma atitude diferente, mais agressivo, mais focado e rapidamente chegou ao empate (19-19), depois de Rui Silva bater, finalmente, Bolzinger e Iturriza, de contra-ataque, estabelecer a igualdade.
Capdeville travava as intenções francesas, já com todos os nomes sonantes em campo, e depois de mais uma defesa, Martim Costa colocou Portugal pela primeira vez na frente (20-21). Ainda não tinham passado 10 minutos e o jogo estava relançado.
Mas os franceses, naturalmente, não desarmaram e Dika Mem fez o 23-22.
Com as bancadas cheias de dinamarqueses, à espera da final que coloca Dinamarca e Croácia na rota do ouro, os adeptos vestidos de vermelho vibram com as defesas de Capdeville, o fôlego que faltava aos Heróis do Mar.
Golo lá, golo cá, e Iturriza, e mais um jogo de superação, responde e coloca Portugal novamente na frente (24-25). Com a França numa travessia do deserto de praticamente cinco minutos, Leonel ganha um livre de sete metros que António Areia concretiza de forma exemplar e Portugal passa a vencer por dois golos (24-26).
O alarme soou no banco francês que rapidamente repõem a igualdade (26-26), através de Mem.
Faltam pouco mais de 10 minutos para o final e Bolzinger responde a Capdeville na baliza contrária e os campeões da Europa passam a vencer por 30-28. O capitão Rui Silva não desiste e inventa o 30-29 e Salvador Salvador o 31-30. À entrada para os últimos dois minutos, Kiko Costa marca o 33-33 e apesar da França liderar, a Seleção Nacional nunca desistiu, manteve a desvantagem mínima no marcador. Até ao último segundo (35-34).
Portugal sai do Mundial com o quarto lugar depois de perder apenas dois jogos. Nas meis finais com a equipa tricampeão mundial, a Dinamarca, e na discussão da medalha de bronze, com a campeã da Europa, a França. Uma despedida entre a elite que só pode deixar orgulhosos os seus protagonistas.