O Académico Viseu era à partida, para a edição 2024/2025 da Segunda Liga, um dos maiores candidatos à subida. O forte investimento e a qualidade no plantel eram motivos mais do que suficientes.

No entanto, a falta de estabilidade no comando técnico e a existência de um leque demasiado alargado de opções que acresceu no mercado de janeiro não ajudaram a equipa. Há jogadores do Académico com grande qualidade técnica, como Thomas, Yuri Araújo e Marinelli que fez o golo da equipa no jogo de forma oportuna.

Já na defesa, nota-se que a situação não está tão bem oleada, notando-se uma distância entre setores, letal contra equipas que sabem explorar o contra ataque.

Por outro lado, o Tondela tem uma estrutura bem oleada e coesa com jogadores que interpretam a regra e esquadro as ideias do treinador. Sem um jogador forte no 1×1, a equipa treinada por Luís Pinto sabe tratar bem a bola e aproveitou a instabilidade na defesa do Académico Viseu para chegar ao empate, por Maranhão, um dos jogadores mais verticais dos tondelenses.

As transições rápidas, a forma como o meio campo consegue circular a bola para os corredores demonstra que há um trabalho assimilado pela equipa e que permite criar soluções contra formações que têm melhores valores individuais, como o Académico.

Não admira, portanto, que os visitantes neste jogo, no Estádio do Fontelo, estejam na liderança perante uma Segunda Liga, pela primeira vez desde há vários anos, sem um candidato à subida que se imponha na tabela classificativa.

Em conversa entre jornalistas no pós jogo, houve uma corrente de opinião de que seria um sinal de maior equilíbrio e de maior qualidade, em geral, da Segunda Liga. No entanto, não deixa de ser estranho que o líder tenha mais um empate do que o número de vitórias que conquistou… Em suma, está tudo em aberto.

BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Académico Viseu

BnR: Ainda em vantagem, pouco antes do Tondela chegar ao golo, substituiu Nigel Thomas e Alan Marinelli por Marquinho e Yuri Araújo. O que pretendeu com esta dupla substituição?

Sérgio Vieira: Primeiro, fisicamente, o Nigel já foi ao limite. Tínhamos esse compromisso de ele ir ao limite, conseguisse o tempo que conseguisse, porque só assim consegue passar para uma etapa de melhor performance no jogo seguinte. Depois, eram dois jogadores que, embora estivessem a trabalhar bem, com bola perderam alguns passes. São jogadores diferentes do Yuri e do Marquinho. O Yuri tem a capacidade técnica para ficar com bola, para definir bem. Tal como aconteceu no jogo contra o Feirense, eles têm capacidade de serem pressionantes, para atacar profundidade. Queríamos manter a capacidade de pressão, mas melhorar as tomadas de decisão técnica. Naquele momento, vimos claramente dois ou três lances de bolas perdidas pelo Nigel e do Alan, ele em espaço entre linhas, e olhando para o relógio, precisávamos de mais energia para continuar a pressionar e não permitir que o Tondela jogasse. Sentíamos que, se fizéssemos isso, eles não conseguiam ligar, não conseguiam ter a criatividade suficiente e, depois ficarmos com bola. Depois, infelizmente aconteceram alguns erros. Tentámos ir atrás, mas não foi possível.

Tondela

BnR: Depois de o Tondela chegar ao empate, colocou Maviram, no lugar de Moudjatovic. O que pretendia de trazer de diferente à sua equipa com esta alteração?

Luís Pinto: O Moudjatovic saiu porque pediu para sair. Ele estava com cãibras. O Moudja foi pela primeira vez titular na semana passada. Faz o sétimo jogo esta época, salvo erro, cinco deles em que jogou pouquíssimo tempo. Tivemos uma intenção de, além refrescar a posição, pôr o Maranhão mais perto da baliza e o Maviram, com a capacidade que tem de trás para a frente, na primeira fase porque à partida o Académico iria ser mais pressionante outra vez. O Maviram é melhor na primeira fase do que o Maranhão porque está mais habituado a jogar naquela posição. Queríamos dar uma maior limpeza na nossa saída de bola e o Maranhão estar mais capaz de explorar o movimento entre o André Almeida e o Sori Mané que entrou depois para aquele espaço. Ainda tivemos uma ou outra ocasião que podia ter sido perigosa.