Um recluso do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, nos Açores, foi internado no hospital depois de ter passado três dias numa cela sem roupa, denunciou o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional.

"Ele regressou do hospital quando teve alta e o senhor diretor decidiu pô-lo numa cela sozinho, sem roupa, só com dois cobertores e uma cama sem colchão", afirmou, em declarações à Lusa, o presidente do sindicato, Frederico Morais.

A notícia foi avançada pela CNN Portugal, que revela que já foi apresentada uma queixa no Ministério Público.

O recluso, que sofrerá de "uma patologia do foro psiquiátrico", tinha tido alta do hospital, onde foi internado nos cuidados intensivos, depois de ter ateado fogo à sua cela, em meados deste mês.

Na altura, o incêndio obrigou outro recluso, com quem dividia cela, e cinco guardas prisionais a receberem tratamento hospitalar.

Aquando do incêndio, Frederico Morais defendeu, em declarações à Lusa, que o recluso devia ter sido "internado numa unidade especializada em psiquiatria".

No entanto, quando teve alta, regressou ao estabelecimento prisional e foi colocado numa cela sozinho, sem direito a roupa ou colchão.

"Os guardas ficaram indignados. Deram-lhe banho, deram-lhe de comer e fizeram pressão junto da enfermagem", revelou Frederico Morais.

Apesar dos alertas dos guardas, o diretor do estabelecimento prisional manteve-se "irredutível", revelou o presidente do sindicato.

Segundo Frederico Morais, os guardas ainda lhe arranjaram um outro cobertor, mas ao terceiro dia nestas condições o recluso acabou por ter de ser internado nos cuidados intensivos do Hospital da Ilha Terceira, com "hipotermia e batimentos cardíacos insuficientes".

Serviços prisionais abrem inquérito

Os serviços prisionais abriram um inquérito a um caso em que, alegadamente, um recluso nos Açores foi colocado em isolamento numa cela sem colchão e necessitou de cuidados médicos na urgência, revelou hoje a Ministra da Justiça.

"Há um processo de inquérito a decorrer e em face disso serão tomadas as medidas que se impuserem", disse Rita Alarcão Júdice no final da cerimónia de inauguração das novas instalações da Diretoria do Sul da PJ, em Faro.

O recluso está internado em estado grave, desde dia 26 de abril, depois de ter sido encontrado caído na cela onde estava em confinamento com sinais de hipotermia.

Com LUSA