O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou o relançamento do Festival Intervisão da Canção, o concurso rival da Eurovisão do tempo da União Soviética, numa tentativa de combater aquilo a que chama de 'decadência da cultura ocidental moderna'.

O decreto foi assinado na segunda-feira e prevê que o concurso russo se realize já este ano, em Moscovo. Entre os interessados em participar estão a China, Cuba, Brasil, Índia e outros 25 países "amigos", de acordo com o Kremlin.

A Rússia foi proibida de participar no Festival da Eurovisão da Canção, organizado a nível europeu, após a invasão à Ucrânia, em 2022.

Mas a intenção de relançar o Intervisão não é de agora. Há mais de 10 anos que Putin quer que o concurso regresse.

Ao contrário da Eurovisão, que celebra temas e atuações LGBT+, o Intervisão vai ter um tom mais moderado e "respeitar os valores tradicionais universais, espirituais e familiares", segundo os documentos de planeamento do evento, a que a agência Reuters teve acesso.

"Os artistas não podem interpretar canções que apelem à violência, humilhem a honra e dignidade da sociedade, e é exigido que os temas políticos sejam completamente excluídos das letras."

Putin tem apresentado cada vez mais a Rússia como um país defensor dos 'valores tradicionais' da família e diz que o Ocidente perdeu a sua moralidade em busca do individualismo excessivo e no desrespeito pelas tradições religiosas.

Na Rússia, é proibido tudo o que seja considerado "promoção" da homossexualidade e o movimento internacional LGBTQ+ é considerado uma organização extremista.

A Rússia começou a participar na Eurovisão em 1994 e entrou em 23 edições do Eurovisão, mas os ideais russos não iam ao encontro daquilo que o concurso defende. A invasão da Ucrânia levou a Rússia a ser banida da competição, em 2022.

A Intervisão foi lançada pelo líder soviético Leonid Brezhnev, na década de 60, como uma alternativa do Bloco de Leste à Eurovisão, e juntou os aliados de Moscovo.

A competição, que se realizou até à década de 80, foi vista como um símbolo de abertura após a morte de Stalin. Depois da queda da União Soviética, a Rússia passou a participar na na Eurovisão em 1994.