Mais de 70% dos portugueses dizem sentir dificuldades na gestão do quotidiano por auferirem rendimentos insuficientes e, apesar da descida da inflação, a maioria (61%) continua a sentir um aumento dos preços e até uma diminuição do poder de compra (43%). As conclusões são de um estudo do Observador Cetelem, divulgado esta quinta-feira.

Com o objetivo de traçar um quadro sobre os consumidores da Europa, o estudo revela que os portugueses são entre os europeus dos que auferem rendimentos mais baixos, com 77% a sentir dificuldade na gestão do quotidiano.

Esta não é, porém, uma tendência exclusiva de Portugal: mais de metade da população europeia (59%) afirma que o salário não cobre as suas necessidades básicas.

Mas há situações ainda mais graves. Segundo o estudo, 18% dos inquiridos em Portugal dizem que não ganham o suficiente para pagar o essencial.

E, apesar da inflação ter descido para 2,4% no final de 2024, 61% dos portugueses ainda não sentem esse impacto na carteira e 43% consideram que perderam poder de compra.

Poupar é prioridade

Quando questionados sobre o que fariam com uma quantia inesperada de dinheiro, 84% dos portugueses não têm dúvidas: poupar.

A par com a Roménia e o Reino Unido, Portugal é um dos países com maior tendência para poupar.

Quanto ao consumo em 2025, só 39% dos portugueses planeiam gastar mais dinheiro do que no ano anterior, uma queda de 9 pontos percentuais em relação a 2024.

Entre os que planeiam gastar mais, 59% vão priorizar viagens, 40% subscrições de plataformas de streaming e 40% a compra de eletrodomésticos.

Apesar das “restrições orçamentais limitarem o consumo e gerarem frustração entre os portugueses, (…) são dos europeus que mais percecionam um aumento do consumo na última década. (…) Além disso, e em consonância com a tendência europeia, revelam uma inclinação maior para consumir bens imateriais (49%) em detrimento dos materiais”, destaca Hugo Lousada, Chief Marketing & Sales – BNP Paribas Personal Finance.