
Oito homens, sete de nacionalidade iraniana, entre os 29 e 55 anos, foram detidos este domingo em duas operações de contraterrorismo no Reino Unido, revelou a polícia britânica. As detenções ocorreram em Londres, Swindon e em Rochdale, na área de Manchester.
Cinco suspeitos foram detidos numa primeira investigação "relacionada com uma alegada conspiração para atingir um local específico", em Londres, que não foi revelado pelas autoridades. "Os agentes têm estado em contacto com o local afetado para prestar aconselhamento e apoio relevantes, mas, por razões operacionais, não nos é possível fornecer mais informações neste momento", justificaram os responsáveis policiais.
Todos os suspeitos estão a ser interrogados e ainda não foram acusados. A polícia confirmou também que está a efetuar buscas em várias propriedades no Reino Unido.
O comandante Dominic Murphy, chefe do Comando Antiterrorista do Met, afirmou que "a investigação ainda está na sua fase inicial e estão a explorar várias linhas de investigação para estabelecer qualquer motivação potencial, bem como para identificar se poderá haver mais algum risco para a população relacionado com este assunto".
Os restantes três iranianos foram detidos em Londres também pela unidade de combate ao terrorismo da polícia. A investigação "não está relacionada" com a detenção dos outros compatriotas, mas com suspeitas de crime contra a segurança nacional.
As operações foram efetuadas ao abrigo da Lei de Segurança Nacional de 2023, que permite à polícia deter pessoas suspeitas de estarem "envolvidas em atividades ameaçadoras de uma potência estrangeira", informou a polícia de Londres num comunicado.
Em outubro de 2024, o chefe do serviço de segurança interna do MI5, Ken McCallum, afirmou que os seus agentes e a polícia tinham enfrentado 20 conspirações "potencialmente letais", apoiadas pelo Irão desde 2022, a maioria das quais dirigidas a iranianos no Reino Unido que se opõem às autoridades do país.
Na altura, Ken McCallum adiantou que havia o risco "de um aumento ou alargamento da agressão do Estado iraniano no Reino Unido" se os conflitos no Médio Oriente se aprofundassem.
Em março de 2024, Pouria Zeraati, um jornalista da estação Iran International TV, foi esfaqueado perto de casa e teve de ser hospitalizado e a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) revelou que outros jornalistas são vítimas de ameaças e intimidação. Mais tarde, dois homens foram detidos na Roménia e acusados pelo ataque.
No mês passado, o Governo britânico anunciou sanções ao grupo sueco pró-iraniano Foxtrot e ao líder, Rawa Majid, devido ao alegado uso de meios criminosos para ameaçar cidadãos judeus e israelitas no Reino Unido e na Europa em geral.
Mais de 450 pessoas e entidades iranianas estão sob sanções britânicas por violações dos direitos humanos, envolvimento no programa de desenvolvimento de armas nucleares e devido à influência nociva do regime a nível internacional.
Acusado de organizar um ataque contra a embaixada israelita em Estocolmo, em janeiro de 2024, o grupo Foxtrot já tinha sido sancionado em março pelos Estados Unidos.
O Reino Unido anunciou recentemente que o Irão será identificado como uma das principais ameaças externas no Sistema de Registo de Influência Estrangeira a partir de julho, juntamente com a Rússia.
A ministra do Interior, Yvette Cooper, qualificou as detenções feitas este domingo pela polícia como "acontecimentos graves que demonstram a necessidade permanente de adaptar a nossa resposta às ameaças à segurança nacional".
"A proteção da segurança nacional é o primeiro dever do Governo e a polícia e os serviços de segurança têm o nosso apoio firme no seu trabalho crucial", declarou à agência noticiosa britânica PA.
O nível oficial de ameaça terrorista do Reino Unido é "substancial", o meio de uma escala de cinco pontos, o que significa que é provável um ataque.