O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reuniu-se, esta terça-feira, ao final da tarde, com o primeiro-ministro Luís Montenegro, no Palácio de Belém. A informação foi adiantada oficialmente pela Presidência da República.

O encontro acontece depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter assinalado a falta de comunicação entre o primeiro-ministro e o Presidente da República - em particular, num momento de polémica a envolver Luís Montenegro, por causa da empresa familiar que mantinha já enquanto chefe do Executivo e das suas responsabilidades declarativas. Controvérsias que motivaram a apresentação de uma moção de censura ao Governo, pelo PCP, que será debatida no Parlamento esta quarta-feira.

Depois de ter vindo a público a informação de que a empresa da família de Luís Montenegro continuava a receber uma avença mensal da Solverde, o primeiro-ministro fez, no último sábado, uma comunicação ao país na qual garantiu a passagem da empresa apenas para os nomes dos filhos - mas sem tirar qualquer consequência política, como vinha sendo pedido pela oposição. Uma declaração que o chefe de Governo fez sem antes consultar o Presidente da República.

"Podia ouvir a minha opinião"

A propósito desta ausência de comunicação entre São Bento e Belém, Marcelo Rebelo de Sousa disse à SIC que o primeiro-ministro só ligou para Belém depois de ter falado ao país - cerca de meia hora depois -, mas que o Chefe de Estado já não atendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu, então, que o chefe de Governo está no seu direito, ao não ligar, mas também notou que podia ser do interesse do primeiro-ministro ouvir a opinião do Chefe de Estado, o que não aconteceu.

"Primeiro-ministro tem direito de não ligar mas podia ouvir a minha opinião", declarou.

O Presidente afirmou ainda que este era um comportamento habitual de Luís Montenegro: deixar tudo para o último segundo e ser muito pessoal nas decisões que toma - isto é, não ouvindo Belém.

Recorde-se que são já os múltiplos casos, desde que Luís Montenegro foi empossado, em que o primeiro-ministro não avisou atempadamente o Presidente da República de decisões políticas de relevo para o país.