Os 206.600 clientes sem energia são de sete regiões da província central da Zambézia e de outras 12 zonas da província de Nampula, no norte de Moçambique, indica a EDM no documento.

"Neste momento, as vias de acesso a estes locais encontram-se interrompidas, condicionando a reposição do fornecimento da corrente elétrica aos clientes afetados", lê-se no comunicado.

Segundo a elétrica moçambicana, pelo menos 74 quilómetros de linha de média e baixa tensão estão danificados nas províncias da Zambézia e Nampula, além de seis postos de transformação e duas torres de alta tensão também afetados pela intempérie, na linha entre Namialo e Monapo, em Nampula.

Pelo menos nove pessoas morreram, 20 ficaram feridas e outras 19.961 foram afetadas pelo ciclone Jude nas províncias centrais de Tete e Manica, além de Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado, as três últimas do norte de Moçambique, segundo a última atualização feita hoje pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).

Segundo os dados, recolhidos até quarta-feira, o Jude tinha afetado também 17.401 alunos, 264 professores, 59 escolas e 181 salas de aula, todos os dados correspondentes às províncias de Nampula e Niassa, no Norte de Moçambique, e Zambézia, no centro do país.

O ciclone tropical entrou em Moçambique na madrugada de segunda-feira, com ventos de 140 quilómetros por hora e rajadas até 195 quilómetros por hora, disse à Lusa Manuel Francisco, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique.

Logo após a entrada no país, o ciclone "voltou ao estágio de tempestade tropical severa e nos próximos dois dias [terça-feira e quarta-feira] poderá variar entre tempestade moderada e severa", disse o meteorologista.

Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram igualmente o norte do país.

Os ciclones atingiram Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro último, com maior impacto nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afetado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.

Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O país africano é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.

 

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