Os dois partidos apresentaram hoje um "relatório integral alternativo" ao relatório preliminar elaborado pela deputada Cristina Rodrigues, do Chega.

Nesse documento, apresentado hoje em conferência de imprensa na Assembleia da República, os dois partidos referem que "das audições realizadas e documentos, constata-se que Lacerda Sales, então secretário de Estado da Saúde, deu uma instrução direta e clara a Carla Silva para solicitar a marcação de consulta no CHULN, E.P.E., conforme decorre do email do dia 21 novembro de 2019".

PSD e CDS-PP assinalam que Lacerda Sales recebeu Nuno Rebelo de Sousa e, "após a realização da reunião", deu "orientações à sua secretária pessoal, Carla Silva, para assegurar a marcação da primeira consulta junto do serviço de Neuropediatria" do Hospital de Santa Maria.

"Carla Silva cumpriu a instrução dada, realizando os contactos necessários (via telefónica e por e-mail, conforme acervo documental) para assegurar o início do processo destinado à marcação da consulta", acrescentando, salientando que "a referenciação para a primeira consulta foi ilegal".

Os deputados indicam também que o ex-governante "manteve contactos" com o Hospital de Santa Maria "para aferir o andamento dado ao caso das crianças".

Sociais-democratas e democratas-cristãos dizem também que "Lacerda Sales faltou, mais do que uma vez, à verdade" e foi "direta e frontalmente desmentido pela sua secretaria pessoal e pelo seu chefe de gabinete".

"Ambos, contrariamente à posição de Lacerda Sales, defenderam que uma secretária pessoal não tem autonomia para agir sem indicação prévia do titular do cargo político, pelo que jamais seria Carla Silva a tomar a iniciativa de proceder ao agendamento de uma consulta de duas crianças", é referido no documento distribuído aos jornalistas.

O coordenador do PSD na comissão de inquérito defendeu, na conferência de imprensa, que na opinião dos dois partidos "não houve intervenção indevida por parte do senhor Presidente da República em todo este processo, que houve uma intervenção exagerada por parte do filho, que não é titular de cargo político, que tentou fazer com que as crianças tivessem um tratamento de privilégio, coisa que terá acontecido por intervenção de um secretário de Estado que, motivado pelas razões que podem ser as mais benévolas possíveis, mas que não cumpriu a lei".

 

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