
"De acordo com a avaliação das autoridades competentes e com base nas informações disponíveis e nos indicadores de diagnóstico, Ariel e Kfir Bibas foram brutalmente assassinados em cativeiro em novembro de 2023 por terroristas palestinianos", afirmou o porta-voz do exército israelita Avichay Adraee, na plataforma de mensagens Telegram.
O Hamas afirmou que Ariel e Kfir Bibas, que na altura do rapto em Israel tinham quatro e oito meses e meio, respetivamente, foram mortos por bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza.
Kfir Bibas era o mais jovem dos 251 reféns raptados em 07 de outubro de 2023. O pai das duas crianças, de 35 anos, foi libertado no início de fevereiro.
Israel alegou ainda que um dos quatro corpos entregues pelo Hamas não é o da mãe das crianças "nem o de qualquer outro refém israelita".
"Trata-se de um corpo não identificado", acrescentou o porta-voz militar, denunciando "uma violação flagrante" do acordo de cessar-fogo por parte do Hamas.
"Apelamos ao Hamas para que devolva Shiri Bibas e todos os raptados", exigiu.
Os restos mortais de quatro pessoas foram devolvidos na quinta-feira pelo Hamas ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e depois ao exército israelita. A entrega ocorre no âmbito do acordo de trégua em Gaza, que entrou em vigor a 19 de janeiro, após mais de um ano de guerra entre Israel e o Hamas.
O ato de entrega de quinta-feira foi criticado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que considerou "abjeto e cruel" o regresso encenado.
"Segundo o direito internacional, qualquer devolução de restos mortais deve respeitar a proibição de tratamento cruel, desumano ou degradante", além de que deve "garantir o respeito pela dignidade do falecido e das suas famílias", acrescentou a agência da ONU.
Numa exibição encenada em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, combatentes encapuçados e armados do Hamas exibiram quatro caixões num palco, cada um com uma fotografia de um dos reféns, em frente de um cartaz que mostrava uma imagem do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com o rosto coberto de sangue.
Entretanto, após a entrega, as autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, acusaram o CICV de "duplo padrão" no tratamento das pessoas mortas no conflito, consoante se tratem de israelitas ou de palestinianos.
Ao entregar os restos mortais, a Cruz Vermelha colocou um lençol sobre eles, transportando-os para veículos para os entregar às autoridades israelitas. É a esta ação do CICV que o Governo de Gaza se refere para acusar a Cruz Vermelha de "dois pesos e duas medidas".
"Enquanto a Cruz Vermelha realiza cerimónias oficiais solenes ao receber os corpos dos prisioneiros israelitas, entrega os corpos dos mártires palestinianos em sacos azuis que são atirados para camiões sem os elementos mais básicos da dignidade humana", afirmou o chefe do gabinete de imprensa do Governo de Gaza, Ismail al-Thawabta, nas redes sociais.
Para as autoridades da Faixa de Gaza, "esta discriminação flagrante no tratamento reflete dois pesos e duas medidas" e também "expõe a incapacidade internacional para alcançar justiça e equidade".
Após mais de 15 meses de guerra, que fizeram pelo menos 48.208 mortos e mais de 111 mil feridos, as partes em conflito alcançaram em meados de janeiro um acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor a 19 de janeiro e previa a troca de 33 reféns israelitas mantidos em cativeiro pelo Hamas por centenas de palestinianos encarcerados em prisões de Israel.
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