O M23 entrou em Bukavu depois de ter tomado, na sexta-feira, a cidade de Kavumu e o aeroporto, a 30 quilómetros da capital provincial, para impedir que as Forças Armadas da RDC (FARDC) e os seus aliados (exército do Burundi e milícias afins) "continuem a utilizar as instalações como base para lançar ataques contra a população civil", disse o porta-voz do grupo, Lawrence Kanyuka.

"Na sequência da sua derrota, as FARDC e os seus aliados retiraram-se desordenadamente, abandonando a cidade de Bukavu após terem cometido pilhagens e outros abusos. Exortamos a população de Bukavu a organizar comités locais de vigilância para manter a segurança e a nomear pessoas honestas e responsáveis para os dirigir", declarou o porta-voz da Aliança Rio Congo (AFC-M23), uma coligação político-militar que inclui os rebeldes do M23.

O grupo apelou à população para "manter o controlo da sua cidade e não entrar em pânico".

"O AFC-M23 reafirma o seu compromisso de defender a população de Bukavu contra as forças indisciplinadas das FARDC e dos seus aliados, caso estas tentem regressar e cometer novas atrocidades", afirmou o porta-voz.

Além disso, o grupo exigiu "a retirada imediata das Forças de Defesa Nacional do Burundi do território congolês", onde apoiam as FARDC, uma vez que "a sua presença é injustificada e devem regressar ao Burundi, a sua pátria".

Kanyuka afirmou que as tropas do vizinho Burundi "exacerbaram a limpeza étnica, as atrocidades em massa e uma crise humanitária sem precedentes, representando uma séria ameaça para a população local. Por conseguinte, é imperativo que abandonem a RDC sem demora".

Vídeos publicados pelos meios de comunicação social locais mostram combatentes do M23 a passear pelas ruas de Bukavu, a segunda maior cidade do leste da RDC, entre aplausos de alguns residentes.

O M23 ocupou a capital da província, com uma população de pouco mais de um milhão de habitantes, apesar das garantias dadas em 03 de fevereiro de que não tinha intenção de tomar a cidade.

O grupo controla agora as duas capitais das províncias vizinhas de Kivu Norte e Kivu Sul, ricas em minerais como ouro e coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.

A ofensiva do M23 - composto maioritariamente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 - fez aumentar as tensões da RDCongo com o Ruanda, com Kinshasa a acusar Kigali de apoiar o grupo armado, uma alegação confirmada pela ONU.

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