"A atividade económica parou, negócios perderam stocks de produtos perecíveis, os portugueses temeram pela sua segurança, e em pelo menos um caso, a falha de energia provocou ou contribuiu para a morte de uma pessoa", recorda a associação, numa carta enviada na quinta-feira.

O Ministério da Saúde anunciou, em 01 de maio, que ordenou uma averiguação das circunstâncias da morte de uma mulher de 77 anos que estava ventilada e que terá morrido, alegadamente, em consequência do apagão de 28 de abril.

A Frente Cívica apontou a REN como "responsável por este e outros prejuízos", uma vez que "é a esta empresa que compete fazer a gestão global da rede elétrica e garantir o fornecimento do serviço elétrico em contínuo e em permanência".

"A este nível, na sua primeira e principal missão, a REN falhou em toda a linha, ou em toda a rede", lê-se na missiva.

"Dado que a REN fracassou na função que lhe foi atribuída pelo Estado e pelos portugueses, deve agora indemnizar-nos a todos enquanto cidadãos", defendeu a associação.

A Frente Cívica exortou o Governo a cobrar à gestora das redes nacionais uma indemnização no valor de 780,5 milhões de euros, o mesmo valor que a associação estimou para o prejuízo do apagão de 28 de abril.

Esta indemnização permitiria "ao Estado acudir aos prejuízos incorridos pelos agentes económicos afetados pelo apagão", referiu a carta.

"Na eventualidade de não conseguir indemnizar, a REN poderá sempre entregar a concessão de volta ao Estado português, legítimo representante dos cidadãos ludibriados pela sua incúria", concluiu a Frente Cívica.

Os prejuízos provocados pelo apagão atingem, pelo menos, três milhões de euros no setor do leite e laticínios, estimou a Confederação das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), que reclama ajudas do Governo.

Também a Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC) já reclamou a criação de uma linha de apoio, perante os custos decorrentes do apagão, que levou a que animais deixassem de ser enviados para consumo.

A carta enviada a Luís Montenegro é assinada por Paulo de Morais e João Paulo Batalha, respetivamente presidente e vice-presidente da Frente Cívica.

Paulo Morais, que já foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, vai ser candidato pelo PSD nas próximas autárquicas à Câmara de Viana do Castelo e esteve com Montenegro durante a campanha para as legislativas antecipadas de 18 de maio.

VQ (SCA/PE/SMA) // CAD

Lusa/Fim