O Expresso foi distinguido com dois prémios na 27.ª edição do Prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença. Na categoria de multimédia, o podcast narrativo “Diários Migrantes” foi um dos vencedores ex-aequo. Já na categoria de imprensa, o prémio foi atribuído à reportagem “Mitra, o 'depósito' de Lisboa onde o Estado Novo fechava os indesejáveis”, publicada na Revista E e no site do Expresso, em documentário.

Vozes migrantes em primeira pessoa

Na categoria de multimédia, o 1º prémio foi para o podcast “Diários Migrantes”, criado a partir de testemunhos escritos por cinco pessoas migrantes a residir em Portugal, que refletem sobre o seu passado, o percurso migratório e a adaptação a uma nova realidade. Com autoria da jornalista Ana França, sonoplastia de Salomé Rita e capa de João Carlos Santos e Tiago Pereira Santos, o trabalho é uma parceria entre o Expresso e o projeto Arquivo dos Diários, que partilhou os relatos originais com a redação. O resultado é uma narrativa íntima, sonora e literária que aproxima o ouvinte de experiências de deslocação, perda e reconstrução. Venceu em igualdade de mérito com a reportagem “​Colonos em Angola e Moçambique, retornados em Portugal​”, da autoria de Joana Henriques, jornal Público.

Um espaço esquecido pelo tempo

Na categoria de imprensa, a reportagem “Mitra, o ‘depósito’ de Lisboa onde o Estado Novo fechava os indesejáveis” foi distinguida pela forma como resgata um capítulo pouco conhecido da história social portuguesa. O trabalho é assinado por Raquel Moleiro, Joana Pereira Bastos, Tiago Miranda e Ruben Tiago Pereira e recupera a memória dos armazéns de uma antiga fábrica de cortiça, em Lisboa, onde a ditadura prendeu mais de 20 mil adultos e crianças — pedintes, vadios, aleijados, loucos e prostitutas— que ali foram escondidos do olhar público, muitos por várias décadas.

Publicado originalmente na Revista E, o trabalho foi publicado também no formato documental, em vídeo, e está disponível no site do Expresso. Na mesma categoria, a reportagem “​O Fundão estendeu a mão aos imigrantes e com eles está a salvar toda a região​”, da autoria de Mariana Correia Pinto (Público) é distinguida com uma menção honrosa.

Prémios para agir, mudar e integrar

É o lema da AMI, que celebra este ano quatro décadas de existência. Criado em 1998, o Prémio AMI– Jornalismo Contra a Indiferença distingue anualmente trabalhos que denunciam injustiças e dão visibilidade a populações e causas esquecidas. A cerimónia de entrega da 27.ª edição acontece esta terça-feira, 16 de julho, na Fundação José Saramago, em Lisboa. Na categoria de Rádio, a reportagem “O turno infinito”, da jornalista Camila Vidal (Antena1), foi reconhecida com uma menção honrosa. Já na categoria de Televisão, o 1.º prémio foi atribuído à peça “Corpo meu que não me pertence”, da autoria de Filipe Pinto (RTP). Também na Televisão, a reportagem “Apátrida”, de Alda Martins (TVI), recebeu igualmente uma menção honrosa.