
De acordo com o anúncio feito pelo grupo terrorista nos seus canais de propaganda, documentado com fotografias, o ataque, que as autoridades moçambicanas ainda não comentaram, terá acontecido no distrito de Muidumbe, visando uma posição das FADM na vila de Miangalewa.
Aquela zona tem sido palco de vários ataques conhecidos nas últimas semanas por parte de grupos terroristas, bem como de contra-ataques por grupos paramilitares oficiais e militares das FADM.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado, um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
Além de Cabo Delgado, palco destes ataques e movimentação terrorista desde 2017, a vizinha província de Niassa também já foi palco em abril de um ataque de membros destes grupos, que decapitaram dois guardas-florestais.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, garantiu na sexta-feira que as Forças de Defesa e Segurança estão a alcançar os objetivos na perseguição de supostos rebeldes que atacaram a Reserva Especial do Niassa (REN).
"Neste momento houve estes ataques, mas nós estamos a trabalhar com as Forças de Defesa e Segurança (FDS), que estão no terreno a perseguir os terroristas e os desenvolvimentos que temos é que realmente as nossas FDS estão a atingir os objetivos", declarou Daniel Chapo.
Em causa estão ataques na REN de supostos rebeldes, que causaram ainda dois desaparecidos e mais de 1.500 deslocados, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O Presidente de Moçambique apelou para o fim dos ataques, referindo que os moçambicanos pedem a paz para o desenvolvimento do país.
"Gostaríamos de fazer com que aquela reserva não seja uma reserva de ataques permanentes de terroristas, mas continue a ser um destino turístico e para isso precisamos de trabalhar bastante para que o terrorismo seja combatido e o nosso objetivo é que o país um dia fique sem terroristas", acrescentou.
Na terça-feira, as autoridades moçambicanas anunciaram terem destacado uma força policial permanente para garantir a segurança nas áreas da REN alvos de ataques.
"As FDS no seu todo prontamente deslocaram-se ao local do facto, tendo, de forma muito vigorosa, sido imposto o destacamento permanente destas FDS, que é para garantir a segurança e estabilidade naquele local", disse o porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Leonel Muchina.
O acampamento de caça desportiva de Mariri, área com 42 mil quilómetros de terra em oito distritos que abrange também Cabo Delgado, terá sido invadida por homens armados na tarde de 29 de abril. Trata-se do segundo caso de alegadas movimentações terroristas na REN, tendo a primeira sido registada em 24 de abril.
Relatos locais indicaram que o grupo, ainda em número indeterminado, entrou numa aldeia da reserva, gerando pânico entre os residentes.
O ministro da Defesa de Moçambique reconheceu, entretanto, a existência de grupos terroristas na reserva.
"Temos conhecimento [...] São terroristas e nós estamos atrás deles", disse Cristóvão Chume.
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