
Alguns jovens e adolescentes do sexo masculino estão a consumir conteúdos online que promovem o ódio contra mulheres e a agir em conformidade com os mesmos, procurando mulheres e raparigas vulneráveis em fóruns ligados a distúrbios alimentares e suicídios. A notícia foi avançada este sábado pelo “The Guardian”.
Segundo o jornal britânico, ao estarem expostos a conteúdos misóginos, estes jovens acabam por desenvolver uma fixação por violência e a utilizar espaços que deveriam servir de apoio para mulheres com distúrbios alimentares, pensamentos suicidas ou problemas de saúde para encontrarem as suas vítimas.
“Pensamos que o fazem sobretudo para obterem reconhecimento, notoriedade no seu grupo de pares online”, afirmou James Babbage, diretor-geral de ameaças da Agência Nacional do Crime (NCA, na sigla em inglês). “Em geral, procuram vítimas que já são vulneráveis. Por isso, procuram sites sobre suicídio e distúrbios alimentares”, acrescentou.
As autoridades britânicas contra terrorismo e a NCA receiam que esta radicalização digital possa culminar em crimes graves, como agressões físicas, homicídios ou até casos de terrorismo.
Matt Jukes, chefe da divisão antiterrorista da Grã-Bretanha, informou ao The Guardian que será criado um grupo de trabalho em conjunto com a NCA para identificar os consumidores deste tipo de conteúdos, combater os grupos de disseminação de ódio e eventuais casos de agressão.
O Comissário afirmou, ainda, que existem soluções “tecnológicas e de engenharia” que podem ajudar no solucionamento deste problema e que, por esse motivos, as grandes empresas tecnológicas têm o dever de ajudar, impedindo que os algoritmos mostrem conteúdos extremistas para os jovens. Para além disso, essas mesmas empresas devem, também, auxiliar a polícia a detetar quais os jovens que procuram este tipo de conteúdo mais violento. “A escala de que estamos a falar ultrapassa a intervenção humana. Há demasiados utilizadores, demasiado tráfego”, acrescentou.