
João Carreira é o cabeleireiro de quem se fala no momento. Nascido nas Caldas da Rainha e dono de um salão de cabeleireiro em Rio Maior, João é um verdadeiro fenómeno nas redes sociais onde soma mais de 275 mil seguidores nas plataformas Facebook, Instagram e TikTok. A maior projeção deu-se quando marcou presença no programa Casa Feliz, a 13 de março, e uma música em sua homenagem se tornou viral. A melodia ficou no ouvido e, hoje em dia, são poucos aqueles que não conhecem o “melhor cabeleireiro de Rio Maior”.
Em conversa com o site Fama Show, o cabeleireiro falou sobre o sonho de criança que se tornou realidade e o mediatismo inesperado proporcionado pela televisão.
A ida à televisão que se tornou viral
João Carreira não imaginava que a música cantada por Katya ganhasse a repercussão que ganhou. Tudo começou como uma brincadeira em 2023 e a música até já havia sido divulgada nas redes sociais do cabeleireiro. Mas a ida ao programa Casa Feliz mudou tudo e a canção até já foi disponibilizada nas plataformas digitais.
“Em conversa com uma amiga minha, ela disse que a música viralizou porque, realmente, a melodia fica na cabeça, mas também porque a música faz referência a uma série de frases que eu já usava no meu dia a dia: É de gritos’; Vamos ser mais sérios’, assim como chamar os haters de avestruzes”, contou.
Entretanto, o número de seguidores nas redes sociais tem “crescido todos os dias” e João Carreira não podia estar mais grato à televisão. “Temos de dar a César o que é de César. Realmente, eu estou muito grato à SIC por todas as oportunidades que me têm dado. É mesmo a magia da televisão. Muitas pessoas que trabalham com redes sociais desvalorizam muito a televisão. A televisão passa-nos uma credibilidade muito diferente de qualquer plataforma digital de rede social”, notou.
Como tudo começou
Mas afinal como é que tudo começou? Como é que João Carreira chegou ao mundo dos cabelos? Tudo começou em tenra idade no salão de cabeleireiro do seu pai.
“Eu comecei a lavar cabeças em cima de um banco no salão dos meus pais, com oito anos. Eu arranjava sempre coisas para fazer às clientes, pintava as unhas ou fazia isto ou aquilo. E o meu pai, até hoje, é o meu mentor e a minha maior inspiração”, notou
“Eu sempre disse que queria ser cabeleireiro, desde criança. Estudei até ao 9.º ano. Saí da escola e fui logo trabalhar para um cabeleireiro que o meu pai tinha nas Caldas da Rainha. Estive lá durante três meses”, explicou em seguida.
“Entretanto, o meu pai comprou o trespasse de um cabeleireiro no Intermarché, e eu estive lá a trabalhar durante um ano. Depois desse ano, o Intermarché foi para obras e o meu pai alugou uma loja no Centro Comercial Salinas [em Rio Maior] para eu trabalhar com uma funcionária. Sim, porque eu era menor de idade, tinha 14 anos na altura. Entretanto, mudei-me para um espaço com 30 metros quadrados, onde já podíamos ter seis clientes. E essa loja também era do meu pai”, explicou em seguida.
Em 2015 e com o negócio a crescer, João Carreira comprou a loja ao lado que juntou à loja do seu pai, que, entretanto, passou para si. "Fiz um espaço com 58 metros quadrados. Já conseguíamos atender ali 14 clientes em simultâneo”, notou.
Dois anos depois, o cabeleireiro comprou o espaço onde se encontra atualmente, com uma equipa de 20 pessoas. “Tem 210 metros quadrados e é um 'open space', como eu sempre sonhei. Realmente, eu nunca pensei muito naquele sonho, mas eu em criança, na casa dos meus pais, colocava CDs nas prateleiras de um roupeiro embutido e imaginava um salão muito grande com muitos espelhos. E esse sonho realizou-se, sem eu andar anos a pensar nele”, rematou.
Os diretos nas redes sociais e o lado visionário
Ao longo da sua carreira João Carreira procurou sempre reinventar-se e prova disso são os seguidores que soma nas redes sociais. O cabeleireiro conseguiu dar a conhecer o seu trabalho e chegar a mais gente através dos seus diretos no Facebook.
“Comecei a fazer diretos, inicialmente, para mostrar os produtos e depois eu percebi que aquilo resultava muito bem. Numa primeira fase só fazia um direto, uma vez por semana, e aquilo já nos gerava vendas online. Tínhamos encomendas para enviar todos os dias. Entretanto, eu comecei a mostrar os trabalhos no salão (…) Durante cerca de dois anos, todos os dias, nós abríamos o direto e num minuto tínhamos 1000 pessoas a ver”, contou.
Depois seguiram-se também os diretos no Tik Tok, onde João Carreira chegou a ter “10 mil pessoas em simultâneo” a visualizar o seu conteúdo.
Já no que diz respeito ao seu trabalho propriamente dito, João Carreira considera-se um visionário e foi mais além ao tornar-se num especialista na balayage vaporizada (técnica de coloração). “Eu sempre quis fazer diferente de tudo aquilo que os outros cabeleireiros fazem. Há cerca de dez anos, em 2015, começou a aparecer a balayage e eu fiz muita formação nessa área. Cheguei até a ir à Suécia fazer formação como profissional”, contou.
“Eu acho que eu consigo sempre fazer uma leitura do mercado e e perceber o que é que vai acontecer”, notou ainda.
Além do seu lado visionário, João Carreira acredita que pode ser uma inspiração para outros jovens que procuram vingar nesta área. “Tudo isto que me está a acontecer, até com este sucesso da música, é para que muitos jovens também se possam inspirar em mim e pensar que, se calhar, não precisamos todos de tirar uma licenciatura. Podemos fazer um curso profissional e ter uma carreira de sucesso”, explicou.
“Eu fui a ovelha negra da minha geração porque decidi sair da escola e decidi fazer-me à vida e começar logo a trabalhar. Nós temos é de ser muito bons naquilo que fazemos e gostar daquilo que fazemos. Eu acho que isso faz toda a diferença na nossa vida”, destacou.
O que se segue?
Atualmente, João Carreira tem uma equipa de 20 pessoas e o negócio vai de vento em popa, paralelamente com uma forte presença nas redes sociais. Mas e o que se segue? Há mais aspirações? Sim, o cabeleireiro tem um projeto especial em mãos.
João Carreira tem o objetivo de dinamizar o Centro Comercial Salinas, em Rio Maior, no qual o seu salão está localizado. “Fazer ali uma galeria comercial que possa também dar aqui mais vida ao centro da cidade”, reforçou.
O cabeleireiro assume ainda ser um homem feliz naquilo que faz e orgulhoso do caminho que traçou até aqui. “O que eu tenho agora é o sonho tornado realidade, mas ainda tenho muitos sonhos por realizar (…) Há pessoas que pensam muito nos sonhos e trabalham pouco para os realizar. Temos de pensar pouco nos sonhos e trabalhar muito para os realizar. Mas, acima de tudo, sermos muito felizes naquilo que fazemos”, completou.