
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu que acabaria a guerra entre a Rússia e a Ucrânia em 24 horas, depois era só "sarcasmo" e agora, sete meses volvidos da sua tomada de posse, parece estar a perder a paciência com Vladimir Putin.
Esta manhã, a BBC publicou uma entrevista que dava conta de que Trump tinha assumido estar "desapontado" com o presidente russo Vladimir Putin, mas que ainda não tinha desistido. Foi confrontado, inclusive, com as questões de confiança no líder russo, tendo respondido que não confiava "em quase ninguém".
Agora, o Financial Times (FT) revela que o presidente norte-americano terá encorajado Volodymyr Zelensky a um ataque mais profundo contra Moscovo.
Duas fontes citadas pelo jornal revelam que esta viragem contra o presidente russo terá ocorrido no passado dia 4 de julho, durante uma chamada telefónica com Zelensky, na sequência de uma conversa, também ela telefónica, com o líder russo no dia anterior.
Nessa conversa privada com o presidente ucraniano, Donald Trump terá incentivado a Ucrânia a intensificar os ataques em território russo, tendo, inclusive, questionado se Volodymyr Zelensky poderia atacar Moscovo caso os EUA fornecessem armas de longo alcance à Ucrânia.
"Volodymyr, consegues atingir Moscovo?... Também consegues atingir São Petersburgo?", terá questionado Trump na chamada, segundo fontes citadas pelo FT.
O presidente ucraniano, por sua vez, terá indicado que sim, caso lhes "fornecessem as armas". Trump terá apoiado a ideia descrevendo-a como uma estratégica com o fim de "fazer com que eles [os russos] sintam a dor". Desta forma, forçaria o Kremlin a sentar-se à mesa das negociações.
Até ao momento, nem a Casa Branca nem o gabinete presidencial ucraniano responderam aos pedidos de comentário do FT.
A conversa e as mais recentes declarações do presidente norte-americano marcam umafastamento radical da posição anterior de Trump sobre a guerra da Rússia, em que Putin seria potencialmente a chave para a resolução do problema. Com a promessa de campanha - de pôr fim ao envolvimento dos EUA em conflitos estrangeiros e de travar a guerra entre Ucrânia e Rússia - por cumprir, Trump vê-se agora sem soluções imediatas, mas com um novo e improvável (depois da tensa discussão na Casa Branca) 'aliado'.
Embora ainda não seja evidente se Washington fornecerá as armas de longo alcance alegadamente abordadas na conversa privada com o presidente ucraniano, torna-se cada vez mais clara a crescente frustração de Trump com a recusa do presidente russo, Vladimir Putin, em aceitar as negociações de cessar-fogo propostas pelo presidente norte-americano.