
O Presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu esta quarta-feira ao homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que os Estados Unidos poderão assumir o controlo das centrais nucleares e de energia da Ucrânia, anunciou a Casa Branca.
"O controlo americano destas centrais elétricas proporcionaria a melhor proteção e apoio possíveis para a infraestrutura energética da Ucrânia", explicou a porta-voz da presidência norte-americana, Karoline Leavitt, aos jornalistas, dando conta do teor da conversa telefónica realizada pelos dois líderes.
Trump transmitiu a Zelensky que os Estados Unidos podiam ser "muito úteis na operação destas centrais com a experiência em eletricidade e serviços públicos", de acordo com uma declaração da Casa Branca do secretário de Estado, Marco Rubio, e do conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, que descreveu a conversa dos dois líderes como "fantástica".
Zelensky solicitou sistemas de defesa aérea
Karoline Leavitt indicou também que, na chamada telefónica, Trump ofereceu ajuda de Washington a Kiev para adquirir mais sistemas de defesa antiaérea.
"O Presidente Zelensky solicitou sistemas de defesa aérea (...) e o Presidente Trump concordou em trabalhar com ele para ver o que estava disponível, especialmente na Europa", segundo a porta-voz sobre o conteúdo desta conversa, que aconteceu um dia após o político norte-americano ter também falado por telefone com o homólogo russo, Vladimir Putin.
Apesar de, segundo o Kremlin, Putin ter exigido o fim da partilha de informações militares ocidentais com as forças ucranianas como condição para desenvolver as negociações de paz, a porta-voz da Casa Branca disse que a colaboração de Washington e Kiev se mantém.
Conversa "ajudou significativamente a avançar para o fim da guerra"
Pouco menos de um mês após a tensa reunião dos líderes dos Estados Unidos e da Ucrânia na Sala Oval da Casa Branca, a presidência norte-americana frisou que, durante o telefonema, Zelensky agradeceu os esforços de paz de Trump e reiterou a "disposição para adotar um cessar-fogo abrangente".
A conversa "ajudou significativamente a avançar para o fim da guerra" na Ucrânia, acrescentou Karoline Leavitt, citando uma declaração emitida pelo Departamento de Estado e pelo Conselho de Segurança Nacional sobre o telefonema.
O texto detalhou que, na chamada de cerca de uma hora, Trump explicou ao Presidente ucraniano o conteúdo "em profundidade" da conversa de 90 minutos que tivera na véspera com Putin.
Zelensky comentou a conversa nas redes sociais
Ao comentar o diálogo com o homólogo norte-americano, o presidente ucraniano disse ter transmitido a Trump que está pronto para aceitar uma trégua parcial com a Rússia para pôr fim aos ataques de ambos os lados contra infraestruturas energéticas e civis.
"Um dos primeiros passos para acabar completamente com a guerra pode ser acabar com os ataques à energia ucraniana e a outras infraestruturas civis. Apoio este passo, e a Ucrânia confirmou que está pronta para o dar", escreveu Zelensky numa mensagem na rede social X, assinalando uma conversa "positiva, muito substancial e franca".
Zelensky acrescentou, na mensagem, que Kiev e Washington começaram a trabalhar para "resolver questões técnicas relacionadas com a implementação e expansão do cessar-fogo parcial".
Nesse sentido, o Presidente ucraniano indicou que o país está preparado para novos contactos na Arábia Saudita nos próximos dias - onde está também prevista uma reunião iminente entre representantes de Washington e Moscovo - "para continuar a coordenar os passos em direção à paz".
"Estamos muito no bom caminho"
O Presidente norte-americano disse, por seu lado, que "a conversa muito boa" com o homólogo ucraniano durou cerca de uma hora e teve como base a ligação telefónica realizada na terça-feira com Putin, de modo "a alinhar as exigências e necessidades da Rússia e da Ucrânia".
"Estamos muito no bom caminho", declarou Trump, através da rede Truth Social, no final do telefonema com Zelensky.
Donald Trump e Vladimir Putin concordaram na terça-feira lançar o processo de paz com a Ucrânia com um cessar-fogo de 30 dias parcial, inicialmente limitado a ataques a infraestruturas e instalações energéticas.
De acordo com a Casa Branca, o processo, que o Governo ucraniano terá de aprovar, inclui negociações técnicas para alcançar "um cessar-fogo marítimo no mar Negro, um cessar-fogo abrangente e uma paz duradoura".
A presidência russa observou, no entanto, que, durante a chamada com Trump, Putin insistiu que qualquer resolução para o conflito deve incluir o fim de toda a assistência militar e de informações ocidentais à Ucrânia.
O Presidente norte-americano disse mais tarde, à estação Fox News, que o líder russo não lhe tinha pedido para cessar a ajuda à Ucrânia e que a questão nem sequer foi mencionada, tendo sido posteriormente contrariado a esse respeito pelo porta-voz do Kremlin.
Já esta quarta-feira, Zelensky condenou um ataque em grande escala da Rússia contra o sistema energético ucraniano, lançado pouco depois de Putin ter dito que tinha ordenado ao Exército que aplicasse de imediato a trégua no que respeita a estes alvos.
Entretanto, o enviado norte-americano para a Ucrânia e Rússia, Steve Witkoff, disse esperar um cessar-fogo total na Ucrânia "dentro de duas semanas" e avançou que as negociações com equipas técnicas de Moscovo e Kiev terão lugar em Jeddah, na Arábia Saudita, a partir de segunda ou terça-feira.