Um dos feridos que se encontrava na embarcação de pesca que colidiu na tarde de segunda-feira com um catamarã de passageiros no rio Tejo já teve alta hospitalar, disse à Lusa fonte do Hospital Garcia de Orta, em Almada.

Entretanto, o comandante da capitania do Porto de Lisboa, Paulo Vicente, admitiu que as esperanças de que os dois desaparecidos sejam encontrados com vida é muito baixa: “Agora, diz-nos a experiência que o melhor é esperar que os corpos venham à superfície”, afirmou em declarações aos jornalistas.

No mesmo momento, Paulo Vicente revelou que os mergulhadores detetaram destroços do equipamento de pesca, mas que mais buscas são inviáveis. “É uma área vasta, com particularidades muito próprias”, reforçou sublinhando estar em causa “cerca de 30 por 15 km2”.

O foco foi colocado no resgate dos desaparecidos, mas em paralelo foi iniciada uma investigação criminal em ligação direta entre Ministério Público e Polícia Marítima, precisou o comandante.

Foram já ouvidos todos os intervenientes, designadamente tripulantes e sobreviventes neste processo, acrescentou. Questionado sobre a possibilidade de estar em causa uma embarcação de pesca não legalizada, Paulo Vicente disse apenas que todos os pressupostos serão avaliados e a embarcação já foi recolhida e está na posse da capitania.

O barco de pesca colidiu com um catamarã que fazia a ligação entre o Barreiro e Lisboa, causando dois feridos e dois desaparecidos.

Segundo a mesma fonte do Garcia de Orta, o outro ferido continua internado, "a receber os tratamentos adequados à sua situação".

As buscas pelos que seguiam na embarcação foram retomadas cerca das 8h de hoje e vão manter-se até ao por do sol, de acordo com o comandante da capitania do Porto de Lisboa.

Nas operações de busca, segundo a Autoridade Marítima Nacional (AMN), estão empenhadas as embarcações da Estação Salva-vidas da Capitania do Porto de Lisboa, da Estação Salva-vidas de Cascais, dos Bombeiros Sapadores de Lisboa e dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas.

Por terra, estão a ser usados meios do comando local da Polícia Marítima de Lisboa para patrulhar as duas margens do rio, sendo admitido que devido ao ciclo das marés os corpos possam já ter saído da área inicial de buscas.

O capitão do porto de Lisboa, Paulo Rodrigues Vicente, tinha explicado na segunda-feira que foi o mestre da embarcação de passageiros que fazia a ligação entre o Barreiro e Lisboa a dar o alerta, pelas 17h05, de que tinha colidido com uma "embarcação mais pequena", com quatro ocupantes, dois dos quais foram resgatados junto ao cais da Margueira e assistidos pelos bombeiros de Cacilhas.

Questionado sobre o tipo de embarcação que colidiu com o catamarã, Paulo Rodrigues Vicente avançou que "se trata de uma embarcação de pesca, vulgarmente da amêijoa", informação que advém de, nas operações de mergulho, porque o barco virou, ter sido encontrada "uma ganchorra e vários apetrechos de pesca" que podem indiciar que "iam para a prática da apanha" daquele bivalve.

"Os canais que as embarcações de transportes de passageiros usam, quer para o Seixal, quer para o Barreiro, são cruzados diariamente por muitas embarcações", admitiu o capitão do porto, confirmando que a colisão ocorreu dentro desse canal.

A Transtejo/Soflusa anunciou, entretanto, numa resposta enviada à agência Lusa, a "instauração imediata de um inquérito interno" para apuramento das circunstâncias e responsabilidades do acidente.

A empresa explicou que, pelas 16h55, o navio catamarã "Antero Quental", que fazia a ligação entre o Barreiro e Lisboa, foi alvo de abalroamento por uma embarcação de pesca, adiantando que o mestre do navio tentou evitar o embate, designadamente com vários alertas sonoros, e que estes foram ignorados pela embarcação de pesca.

A Transtejo Soflusa, empresa responsável pela ligação fluvial entre o Seixal, Montijo, Cacilhas, Barreiro e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa, adiantou ainda que o transporte de passageiros na ligação fluvial Barreiro - Terreiro do Paço mantém-se ativo e regular.

Jaime Figueiredo