
O Bucha e o Estica ficaram assim, petrificados, quando souberam que em Portugal vai haver novas eleições para escolher governo, depois de apenas um ano de existência do atual e sem se perceber bem como isto aconteceu. Mais perplexos ficaram ainda quando perceberam que, assim, nos próximos nove meses, o país vai ter três eleições — para o Parlamento, as autarquias e a Presidência da República.
Três eleições — três — sem que, apesar de muitos apelos e estudos, tenha ocorrido nenhuma alteração da lei eleitoral, a qual, pelo modelo escolhido há meio século, provocou o desperdício de milhões de votos ao longo dos anos e deitou para o lixo mais de 670 mil votos só nas últimas legislativas. Ou seja, centenas de milhar de eleitores cuja opção não se refletiu na composição do Parlamento.
No fundo, com este sistema, há eleitores de segunda cujo voto não serve para nada, fora dos grandes centros, e outros, urbanos, que são os que contam. Com o sistema atual os distritos de Lisboa e Porto elegem mais de um terço do total dos deputados e em outros círculos eleitorais, mais pequenos, do interior, que apenas elegem dois, três ou quatro deputados, há muitos votos que não se traduzem em mandatos.
A principal razão pela qual a Lei Eleitoral não é revista — apesar de existirem várias propostas que garantiriam maior representatividade dos votos expressos — é que assim os maiores partidos garantem a continuidade do seu monopólio de poder, perpetuando a ineficácia de que têm dado mostras nos últimos anos.
No fundo há também votos desperdiçados em quem os tem elegido, confiando que poderiam trabalhar para fazer reformas que tornassem o país melhor. Puro engano, como temos visto.
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