O serviço BiblioLED, de leitura e empréstimo digital de livros e audiolivros, conta com mais de 17 mil utilizadores registados e perto de 22 mil livros já emprestados, anunciou hoje o Ministério da Cultura.

No discurso na cerimónia de abertura do Congresso Internacional "Camilo Castelo Branco, 200 anos depois", no Centro de Estudos Camilianos, em São Miguel de Seide, no concelho de Vila Nova de Famalicão, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, quis abordar o legado do Governo ainda em funções, em particular na área do livro.

Por isso, a ministra realçou o alargamento das bolsas de criação literária e sublinhou que, quando foi lançado o projeto BiblioLED, não era esperada "tão larga adesão”. Desde o lançamento, no final de janeiro, houve 32.515 acessos, 21.725 livros emprestados e 17.202 utilizadores registados, segundo dados do Ministério da Cultura.

O número de empréstimos levou a ministra a colocar duas questões para reflexão: “O que representa esta adesão ao digital e ao audiolivro? Há um maior interesse na leitura através do digital?”Em simultâneo, Dalila Rodrigues voltou a mencionar o cheque-livro, que, até ao começo desta semana, tinha visto serem utilizados 27.143 cheques-livros, "ou seja, 18% do universo de 220 mil jovens abrangidos", algo que classificou de "insignificante".

"O que significam estes números? Uma baixa adesão ou um erro de estratégia nas metodologias de incentivo?", perguntou a ministra, respondendo que, na sua opinião, se trata de um erro de metodologia e que é preciso corrigir.

Em declarações à Lusa à saída da cerimónia, a ministra disse que está agendada uma reunião com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) para a próxima semana, precisamente com o objetivo de retificar a medida.

"Todas as medidas de incentivo devem ser valorizadas e reforçadas. É [uma medida] herdada do Governo anterior, herdámos também as dificuldades de implementação porque a plataforma tinha essas insuficiências, mas devo dizer que se nós não temos livrarias aderentes que vendam o livro não-escolar a estes jovens, identificamos desde logo uma frente a melhorar. Devemos também estar atentos aos incentivos que noutros países da Europa têm sido feitos, não apenas para a leitura, mas para a frequência de espaços culturais", afirmou Dalila Rodrigues.

Há dias, em entrevista à Lusa, o novo presidente da APEL, Miguel Pauseiro, assinalou que um dos entraves ao sucesso do programa é o valor do cheque-livro, que está nos 20 euros, "muito longe" daquilo que a APEL preconizou.

"Nós propusemos 100 euros porque nos parecia um valor compaginável com o objetivo de criar leitores. E não se criam leitores com a compra de um livro, criam-se leitores com uma regularidade do hábito da leitura e, portanto, isso pressupõe mais do que uma compra", defendeu Pauseiro.

No dia 04 de novembro do ano passado arrancou o programa cheque-Livro, uma iniciativa do Ministério da Cultura, a partir de uma proposta da APEL, que tem por objetivos fomentar os hábitos de leitura e incentivar a frequência de livrarias por parte dos jovens adultos.

A edição de 2024 abrangeu um total de 220 mil jovens residentes em Portugal, que nasceram nos anos de 2005 e 2006 (ou seja, que tenham completado 18 anos em 2023 e 2024) e a data final para o resgate é o dia 23 de abril de 2025.

As compras através deste cheque só podem ser feitas nas livrarias aderentes ao programa e estão excluídos os manuais escolares, dicionários e livros de apoio ao estudo.

Os candidatos ao cheque-livro podem solicitá-lo através da plataforma www.souleitor.pt, onde estão também assinaladas as livrarias aderentes.