Na mais árida e menos montanhosa das ilhas açorianas, Santa Cruz da Graciosa ocupa todo o território da Graciosa e respetivos ilhéus: Praia, Baixo, Baleia, Gaivota e outros ainda menores. Apesar da envolvente azul, com apontamentos rochosos peculiares, é chamada de “Ilha Branca”, pela geomorfologia e nomes de alguns locais como Pedras Brancas, Serra Branca e Barro Branco. Ao longo do tempo criaram-se formas de guardar a água, entre bebedouros, chafarizes, pias de lavar e tanques que deslumbram. No chamado Grupo Central dos Açores, Santa Cruz da Graciosa é o único município da segunda ilha mais pequena do arquipélago: a Graciosa. Com cerca de 4000 habitantes, a ilha integra a Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO, com a maior gruta vulcânica da Europa, e um pássaro, que a escolheu como único lugar no mundo para “criar família”, visita-se entre mergulhos e passeios de barco, a pé, ou de bicicleta, com um Parque Natural para trilhar. Parta à descoberta da “Melhor Aldeia Turística 2024”.
Avistar a Caldeira a partir da Maria Encantada
A Caldeira e a Furna formam um dos principais geossítios dos Açores e internacionais. Um percurso atravessa áreas protegidas do Parque Natural. Começa no Caminho das Furnas, passa pela Furna do Abel, um dos maiores tubos de lava da ilha, e, pelo caminho florestal, circunda o perímetro da Caldeira. Depois da Furna da Maria Encantada, com miradouro para o interior da Caldeira, admira a vista sobre a Graciosa e outras ilhas do Grupo Central. Regressa à Furna do Abel e pelo túnel chega à escadaria para a Furna do Enxofre, com entrada através do Centro de Visitantes (Tel. 295714009).
Relaxar nas termas e ir a banhos nas piscinas naturais
As piscinas naturais do Carapacho têm panorâmica sobre o Oceano. Ficam encaixadas numa moldura de basalto. Ao lado, as termas com a pequena piscina hipersalina, cloretada, bicarbonatada, rica em sais de magnésio, com uma temperatura a mais de 35 graus, e banheiras de hidromassagem. A estância termal (tel. 295714212), aberta de maio a setembro, existe desde o século XVIII e é recomendada para “patologias do foro reumatológico”.
Do topo do farol ao pôr-do-sol sobre a rocha da Baleia
O Farol da Ponta da Barca tem a torre mais alta entre todos os faróis dos Açores: 23 metros. A vista deslumbrante sobre o Atlântico ganha especial luminosidade ao pôr-do-sol a perfilar o pequeno ilhéu rochoso esculpido pela força do mar, o famoso Ilhéu da Baleia, símbolo da Ilha Graciosa e de todo um arquipélago transformado em santuário de cetáceos.
Pesca, passeios de barco e mergulho
A qualidade dos fundos oceânicos da Graciosa é reconhecida internacionalmente. Existe uma enorme biodiversidade ao largo da ilha, com diversos locais de naufrágios, ótimos para mergulho e snorkeling. Parta à descoberta com a DivinGraciosa (tel. 962513411), ou dedique-se à pesca desportiva e passeie de barco na companhia da Gracipescas (tel. 916053023)
Passear na vila e avistar aves raras
Antiga vila sede de concelho e primeira capital da ilha, em Praia admire os típicos moinhos de vento flamengos, sobressaindo o vulcão da Caldeira na paisagem e uma maravilhosa praia de areia escura. Tem como cenário de fundo, no mar, o Ilhéu da Praia, santuário de aves marinhas raras como o Frulho, o Garajau, mas também o Paínho-de-Monteiro, que escolheu este local como o único onde nidifica no mundo.
Praia do Barro Vermelho
Uma das zonas balneares mais importantes da Ilha Graciosa, situada na costa norte, tem uma piscina natural de rocha e areia e zona de banhos em mar aberto com fundo em laje de basalto, além de parque de merendas. Existem ao longo da ilha outras zonas balneares como a das Fontinhas e do Boqueirão, ambas em Santa Cruz da Graciosa, e ainda a da Vitória, em Guadalupe, Carapacho, em Luz, e de São Mateus.
Das vinhas ao mar
A caminhada começa junto à antiga escola primária do Bom Jesus e fontanário do século XIX. Depois do Caminho do Barroso atravessa a paisagem vitivinícola, marcada pelos currais de pedra basáltica que protegem as vinhas e ruínas de antigas adegas. De volta ao Moinho da Achada, passa pelo reservatório de água e alcança novamente o Caminho do Barroso. Um estreito atalho conduz a uma segunda área de currais de vinhas. Segue até à Baía do Forno e ao Farol da Ponta da Barca para olhar o Ilhéu da Baleia. Junto à costa, admira baías e enseadas e encontra a emblemática grelha de currais de vinha que circundam a pista do aeroporto. Prossiga até à zona balnear do Barro Vermelho.
Adega cooperativa da Graciosa
As vinhas espalham-se por várias zonas da ilha, sobre solos de rocha basáltica entre currais ou “curraletas”, à semelhança da ilha do Pico. Aqui produzem-se vinhos brancos, licorosos, aguardentes e espumantes. Faça uma visita guiada seguida de prova na Adega Cooperativa da Graciosa e fique a saber tudo sobre o vinho DOC “Pedras Brancas”, mas também o alho e a meloa da Graciosa. Há uvada e doce de meloa para comprar.
Charco da Cruz, 12, Santa Cruz da Graciosa. Tel.295712169
Viajar pela arquitetura da água
Entre bebedouros para animais, pias e tanques, conheça a cultura da ilha através de uma Rota da Água. Visite o Tanque do Atalho, com 150 anos, onde no passado cabiam 1800 metros cúbicos de água.
Rua Eng. Manuel Rodrigues Miranda, Santa Cruz da Graciosa
Caldeirada com todos
O restaurante Costa Do Sol é um dos mais antigos da Graciosa. Serve a linguiça caseira da ilha, cozido à portuguesa, caldeirada com todos, peixe frito com milanga caseira, peixe assado e mariscos (tel.295712694). Para petiscos escolha o Clube Naval Graciosa (tel.295732143).
Peixe com molho à pescador
Experimente as lapas e o peixe com molho à pescador no restaurante Estrela Do Mar (t960 123 251); para provar o cozido à moda da ilha e bifes siga até à Casa de Pasto O Leão (tel. 919182419). Costa Do Sol e Club Naval.
Dormir num moinho de vento
Os moinhos de vento com cúpulas vermelhas, de inspiração flamenga, testemunham a abundante produção de cereais de outros tempos. Pernoite no Moinho da Pedra, com vista permanente sobre o Ilhéu da Praia.
Rua dos Moinhos de Vento, 28, Santa Cruz da Graciosa. Tel. 917403791.
Queijadas em forma de estrela na Vila da Praia
Há 25 anos, as Queijadas da Graciosa recebiam o nome de covilhete de leite ou queijada da praia. Tem confeção exclusiva na Reserva da Biosfera da Graciosa, restrita à Vila da Praia, para comprar, saborear e ver a preparação na fábrica. Prove também os Pastéis de arroz.
Rua Canada Nova 34-36 Rochela, Praia. Tel. 295712911
“Reconhecimento do nosso compromisso com a sustentabilidade”
No chamado Grupo Central dos Açores, Santa Cruz da Graciosa é o único município da segunda ilha mais pequena do arquipélago: a Graciosa. Com cerca de 4000 habitantes, a ilha integra a Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO. Sobre a distinção como “Melhor Aldeia Turística 2024”, o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, António Reis, considerou o prémio como “um reconhecimento do nosso compromisso com a sustentabilidade e a preservação do nosso património natural e cultural. Estamos honrados por receber esta distinção, agradeço a todos os técnicos que se empenharam na candidatura e comprometo-me a continuar a trabalhar para a promoção de um turismo responsável e inclusivo”.
A quarta edição da iniciativa “Best Tourism Village”, promovida pela Organização Mundial de Turismo, entidade das Nações Unidas, premiou 55 localidades, entre as quais as portuguesas Óbidos e Santa Cruz da Graciosa. O objetivo da iniciativa é distinguir os melhores destinos rurais do mundo. “São territórios que se destacam por serem destinos de excelência, e, onde o Turismo é determinante, enquanto catalisador económico e social, para o desenvolvimento sustentável do território em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas”, explica o Turismo de Portugal, em comunicado.
Válido por três anos, o selo “Best Tourism Village 2024” (Melhor Aldeia Turística), para além de valorizar o território rural e as comunidades, pretende dar visibilidade às regiões, aumentando o potencial turístico, enquanto as envolve numa plataforma de partilha de boas práticas e experiências a nível internacional. Os critérios base para participar nesta iniciativa são: baixa densidade populacional, com um máximo de 15.000 habitantes, estar situada num cenário com presença significativa de atividades tradicionais como agricultura, silvicultura, pecuária ou pesca, e partilhar valores e estilo de vida comunitários.