Ali bem no meio da Lezíria Ribatejana, entre Vila Franca de Xira e Samora Correia fica uma das mais emblemáticas ermidas, que uma vez por ano recebe os seus devotos, sobretudo homens e mulheres do campo que ali vão agradecer os feitos do ano anterior, e renovar os pedidos para o ano de campo que por esta altura se inicia.

A Ermida de Nossa Senhora de Alcamé, que durante vários anos esteve quase abandonada, tem desde 2002 conhecido um novo fulgor, com a romaria anual, que lhe dedica atenção, e sobretudo devoção.

O dia começa bem cedo, pela manhã, com a romaria até à ermida. A cavalo, a pé ou de charrete, os romeiros levam ali a sua devoção, para agradecer à Padroeira dos Campinos.

Entre o semear dos campos e o maneio do gado, que em anos anteriores era prática comum, ali se juntaram este sábado centenas de pessoas, que movidos pela sua crença acompanharam a procissão carregada de simbolismo que ali se faz.

A cerimónia religiosa é dividida em dois atos. Primeiro bênção dos campos e do gado, seguida da missa campal, este ano presidida pelo padre José Ezequiel Inácio, da paróquia de Vila Franca de Xira.

A romaria deste ano fica também marcada pelas obras de requalificação do espaço, da responsabilidade da Companhia das Lezírias e do Município de Vila Franca de Xira.
O templo religioso está agora mais bonito, mas sobretudo mais cuidado e seguro, podendo perpetuar no tempo a devoção daqueles que ali encontram o aconchego espiritual.

O Presidente do Concelho de Administração da Companhia das Lezírias, Eduardo Oliveira e Sousa, destacou ao NS as obras que permitiram “proteger este emblemático local sagrado”, que tem associado a si “uma grande tradição e devoção”.

O responsável considera esta romaria “uma manifestação de fé popular que tem raízes históricas e que tem uma mensagem muito poderosa, associada ao trabalho das pessoas que vivem na lezíria de Vila Franca”, considerando que é” muito gratificante ver os campinos a participarem nesta procissão, trazendo os seus animais, as suas fardas, os seus cavalos e participarem na procissão e na cerimónia”.

Fernando Paulo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, considera que a obra desenvolvida em parceria com a Companhia das Lezírias deixou a igreja “muito bonita”. “Acho que assim, preservando o património que se divulgam as diversas valências desta nossa lezíria vilafranquense, que para além da agricultura, tem, como se sabe, a Reserva Natural do Estuário do Tejo, o que prova que é possível a produção agrícola, a economia e também a sustentabilidade ambiental.”

Após a romaria, o campo encheu-se de piqueniques, que terminaram ao som do fado cantado por profissionais e amadores.