A indignação popular sobe de tom em Setúbal. A Câmara Municipal de Setúbal e as juntas de freguesia de São Sebastião e Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra anunciaram uma ação de protesto para o dia 17 de junho, às 18h30, junto às instalações da empresa alegadamente responsável por despejos ilegais de resíduos na zona de Poçoilos. A decisão surge após meses de denúncias sem resposta eficaz das entidades competentes.

A concentração foi decidida numa reunião com moradores da zona realizada a 9 de junho, onde foi aprovada uma moção de repúdio exigindo o fim imediato das descargas ilegais. O documento denuncia o que classifica como um “grave atentado ambiental”, com potenciais consequências para a saúde pública, e critica a inércia de entidades como a CCDR-LVT, a APA e o IGAMAOT, responsáveis pelo licenciamento e fiscalização.

Na moção aprovada, os subscritores expressaram estranheza e protesto pela ausência de medidas concretas por parte das entidades públicas e exigiram o encerramento preventivo das instalações onde decorrem as descargas. O texto alertava que, caso nada fosse feito, a população avançaria com uma concentração de protesto — agora confirmada.

“Chegou o momento de dar voz à indignação das populações diretamente afetadas por esta atividade ilegal e nociva”, lê-se no apelo lançado pelo município e pelas juntas de freguesia. Os autarcas apelam à forte mobilização popular na ação, que pretende alertar o país e as autoridades para a gravidade do problema.

O caso dos despejos em Poçoilos tem ganhado dimensão pública, com imagens e relatos de moradores a circularem nas redes sociais, denunciando descargas frequentes de resíduos de origem industrial ou indiferenciada, com forte odor e impacto visual. As populações acusam as entidades de fechar os olhos à contaminação do solo e da atmosfera, mesmo depois de vários alertas e queixas formais.

Apesar dos apelos e denúncias, não foi até ao momento conhecida qualquer intervenção efetiva da CCDR-LVT, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ou da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) para travar as descargas nem aplicar sanções.

O protesto de 17 de junho é visto pelos promotores como uma última tentativa de chamar a atenção nacional para um problema local que, mais do que uma questão ambiental, já assume contornos de desrespeito pelas comunidades e de falta de transparência nas políticas públicas de fiscalização ambiental.

Enquanto a concentração se aproxima, cresce o sentimento de injustiça e abandono entre os moradores das zonas limítrofes de Poçoilos, que exigem não só o fim das descargas ilegais, como também respostas claras sobre a monitorização da qualidade do ar e do solo, e a responsabilização dos infratores.