
O concelho de Alcácer do Sal poderá receber um novo projeto agroflorestal, com um investimento estimado em 67 milhões de euros, promovido pela empresa Expoente Frugal, Lda., do grupo Aquaterra. Designado por Projeto Agroflorestal das Herdades de Murta e Monte Novo (HM-MN), o projeto encontra-se atualmente em fase de consulta pública no âmbito da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA).
Localizado nas freguesias da Comporta, Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana, o projeto será desenvolvido numa área de 2405,83 hectares, englobando duas herdades atualmente sem floresta produtiva. O plano de ordenamento funcional propõe a criação de um sistema agroflorestal multifuncional que integra três componentes principais: a instalação de um pomar de tangerinas em 360,63 hectares com rega gota-a-gota alimentada por 16 furos; a rearborização de 1650,13 hectares com floresta de produção; e a valorização ecológica de 366,12 hectares em zonas de conservação, promovendo corredores ecológicos e a recuperação do Açude da Murta.
De acordo com a promotora, a instalação da cultura de tangerinas vem substituir um projeto anterior de produção de pera-abacate que havia recebido uma Declaração de Impacte Ambiental Desfavorável. A nova proposta reduz a área agrícola inicial para metade e diminui também o número de captações subterrâneas, passando de 34 para 16 furos.
A energia necessária para a operação será assegurada por uma unidade de produção para autoconsumo (UPAC), baseada em painéis fotovoltaicos, ocupando 3,77 hectares. O projeto inclui ainda a construção de reservatórios de água, postos de transformação de energia, caminhos agrícolas e estruturas de apoio à atividade agrícola.
Em termos de recursos hídricos, o consumo estimado de água do projeto representa 65% da recarga anual da massa de água subterrânea local, permanecendo abaixo do limite máximo admissível definido pelo Plano de Gestão da Região Hidrográfica. O projeto prevê também medidas de monitorização contínua dos níveis piezométricos e da qualidade da água utilizada para rega.
No plano ecológico, o projeto situa-se em áreas sensíveis do ponto de vista da conservação da natureza, nomeadamente na Zona Especial de Conservação (ZEC) Comporta/Galé e no perímetro do Estuário do Sado. Foram identificadas várias espécies de flora consideradas raras, endémicas ou ameaçadas. O projeto prevê medidas específicas para proteção da biodiversidade, incluindo recolha de sementes, criação de refúgios para fauna, monitorização de habitats e rearborização com espécies autóctones.
Em termos sociais e económicos, o projeto deverá gerar 50 postos de trabalho permanentes e até 150 sazonais durante a época de colheita (janeiro a maio), contribuindo para o desenvolvimento económico local e para a dinamização da fileira agroindustrial da região.
O Estudo de Impacte Ambiental está disponível para consulta pública entre 30 de julho e 10 de setembro de 2025,