O Executivo português acompanha a escalada dos preços dos combustíveis e admite tomar medidas, consoante a evolução do mercado internacional e a instabilidade geopolítica. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, garantiu esta sexta-feira que o Governo não exclui novas intervenções, embora destaque que os valores atuais continuam longe dos registados em 2022, quando foram aplicadas medidas extraordinárias.

O preço do gasóleo simples deverá aumentar 8 cêntimos por litro e a gasolina 3 cêntimos, já na próxima semana. Segundo as previsões para o período de 23 a 29 de junho, o gasóleo poderá atingir os 1,616 euros por litro, enquanto a gasolina simples 95 poderá fixar-se nos 1,722 euros por litro.

À margem da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, Miranda Sarmento salientou que “o preço do petróleo está atualmente a 72, 73 dólares o barril, muito abaixo dos valores de 2022”, contexto em que foram criados apoios a nível europeu para aliviar o peso dos custos energéticos nos consumidores.

Apesar de o Governo ainda não ter avançado com novas decisões concretas, o ministro deixou claro que tudo dependerá da evolução do conflito no Médio Oriente e da trajetória dos mercados internacionais. “Vamos acompanhar a situação, esperar que o conflito se resolva rapidamente e, em função do que acontecer com o preço do petróleo, poderemos ou não atuar”, explicou.

No mesmo encontro, o governante comentou o relatório recente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que alerta para “riscos significativos” na sustentabilidade da dívida pública portuguesa, apelando a uma rápida implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a uma aposta reforçada na imigração como resposta ao desafio demográfico.

Miranda Sarmento relativizou a leitura do MEE, considerando que o relatório “diz sobre Portugal o mesmo que diz sobre muitos países” da União Europeia. Sublinhou, no entanto, que o envelhecimento da população é um problema real que exerce pressão sobre as contas públicas e a sustentabilidade da dívida. “Há desafios estruturais que conhecemos bem. A demografia é um deles, e terá impacto nas finanças públicas a longo prazo”, reconheceu.

Ainda assim, o ministro destacou que o Governo está focado no controlo das contas e que todas as projeções indicam que a dívida pública portuguesa deverá ficar, em 2026, abaixo da média da zona euro, feito que não acontece desde 2008 e que, segundo Miranda Sarmento, “é um marco importante para o país”.

A instabilidade internacional e os desafios internos colocam o Governo perante a necessidade de equilibrar o alívio económico aos consumidores com a prudência orçamental, numa altura em que os combustíveis voltam a pesar no bolso dos portugueses.