O ano letivo de 2025 trouxe um forte aumento no número de reprovações nos exames nacionais, revelam os dados agora divulgados pelo Júri Nacional de Exames (JNE). Entre as 15 disciplinas que não exigem prova oral, 93.114 alunos obtiveram notas inferiores a 10 valores, um aumento de quase 20 mil estudantes em relação a 2024.

O cenário preocupa escolas, pais e professores, uma vez que o número de exames com nota negativa cresce acentuadamente, invertendo a tendência de melhoria dos últimos anos. Ao todo, foram realizados 289.859 exames em 25 disciplinas, mas o impacto mais severo sentiu-se nas 15 provas escritas que dispensam oralidade, onde se concentram as maiores dificuldades dos estudantes.

Outro dado que marca esta nova fase do ensino secundário é a quebra no número de notas máximas. Apenas 882 alunos conseguiram atingir os 20 valores em 2025, uma quebra de 245 classificações máximas face ao ano passado.

Apesar de ainda não estarem disponíveis os resultados detalhados por disciplina, a tendência aponta para um reflexo da instabilidade no ensino provocada pela pandemia, greves prolongadas, alterações curriculares e uma recuperação pedagógica ainda por consolidar.

As estatísticas do JNE revelam que, num só ano, o sistema de ensino português sofreu um retrocesso significativo no desempenho global dos estudantes, tanto no topo como na base da escala classificativa.

O Ministério da Educação ainda não se pronunciou sobre os dados agora conhecidos, mas a crescente taxa de insucesso deverá abrir novo debate sobre o modelo de avaliação e os métodos de preparação para os exames nacionais, que continuam a ser decisivos para o acesso ao ensino superior.

A divulgação destes resultados surge num momento crítico em que se discute o futuro do modelo de exames e a sua eficácia na aferição de competências reais dos alunos. Educadores e especialistas têm alertado para a necessidade urgente de reformas estruturais, que tornem o sistema mais justo, inclusivo e adaptado aos desafios contemporâneos.